A Câmaras de Vila Real de Santo António e de Olhão vão criar uma rede intermunicipal de cuidados médicos e disponibilizam, numa primeira fase, consultas oftalmológicas à população mais carenciada, anunciaram os presidentes dos municípios.
Depois de em 2007 ter sido pioneiro nos protocolos com os serviços médicos cubanos para dar assistência a munícipes que estavam em lista de espera no Serviço Nacional de Saúde (SNS), o presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, Luís Gomes (PSD), opta agora pela criação de uma rede intermunicipal de cuidados médicos públicos, em parceria com a Câmara de Olhão, que começará na próxima segunda-feira com consultas de oftalmologia.
O médico que vai dar as consultas “é da região de Leiria”, disse à Lusa o autarca de Olhão, António Pina (PS), enquanto Luís Gomes frisou que o clínico, português de nacionalidade e oftalmologista, “vai estar 100 por cento afecto ao programa” e as cirurgias às cataratas que forem necessárias “vão ser realizadas na região”, no Hospital Particular do Algarve (HPA).
“Abrimos concurso público e convidámos as clínicas da região a apresentarem propostas para operações às cataratas. Houve várias que responderam e o melhor preço foi apresentado pelo HPA, que venceu o concurso”, afirmou Luís Gomes.
Destinatários do programa são pessoas identificadas pela Acção Social
O autarca disse ainda que os destinatários do programa são pessoas identificadas pela Acção Social dos municípios como pertencentes a famílias carenciadas, estando “abaixo de determinado rendimento ‘per capita’ familiar” que não quantificou.
“Em 2009/2010, o Governo investiu para dar resposta na especialidade de oftalmologia em Faro, mas as listas de espera voltaram a acumular-se e há actualmente dificuldades de resposta para consultas, que demoram anos”, criticou o autarca de Vila Real de Santo António, numa referência à falta de resposta do SNS no hospital de Faro em oftalmologia.
Luís Gomes considerou que as autarquias têm agora “a vantagem e a novidade de partilhar recursos, neste caso recursos financeiros, para a contratação de médicos”.
António Pina afirmou, por seu turno, que Olhão tem uma população ligada às actividades no mar e com uma “incidência maior” de problemas como as cataratas e, por isso, e “face à falta de respostas atempadas no SNS”, decidiu “aceitar o desafio do colega de Vila Real de Santo António” para integrar esta rede intermunicipal de cuidados de saúde públicos.
O presidente da Câmara de Olhão disse estarem em causa “áreas muito sensíveis para o dia-a-dia e a vida das pessoas”, porque as cataratas levam à perda de visão e tornam dependentes pessoas que podem ainda ter alguma qualidade de vida se o problema for resolvido.
“Não pode haver pessoas, ainda em boa fase da vida e com disponibilidade de saúde boa, retiradas das suas capacidades e impedidos de viver bem por uma coisa tão simples e que se resolve com uma pequena intervenção cirúrgica”, considerou António Pina, frisando que este programa “não procura atingir ninguém, procura ajudar as pessoas”.
“Começa com as Câmaras de Vila Real de Santo António e de Olhão, começa com a especialidade de oftalmologia, poderá expandir-se depois para outras especialidades e até para outros municípios que, posteriormente, também queiram aderir. Nós estamos preocupados é em cuidar das pessoas”, afirmou António Pina.
(Agência Lusa)