A variante Ómicron do vírus SARS-CoV-2 tem crescido exponencialmente na proporção de casos prováveis nas últimas duas semanas em Portugal, estimando-se uma proporção de 46,9% na segunda-feira, revelam dados esta terça-feira divulgados pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).
“Os dados obtidos desde o dia 15 de dezembro consolidam a perspetiva de que a variante Ómicron será dominante (maior do que 50%) em Portugal na presente semana (20 a 26 de dezembro), em paralelismo com o cenário observado em outros países como, por exemplo, a Dinamarca e o Reino Unido”, adianta o relatório semanal do INSA sobre a diversidade genética do coronavírus SARS-CoV-2 no país.
O mais recente relatório do INSA sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 refere que, com base nas amostragens aleatórias semanais de âmbito nacional sujeitas a sequenciação do genoma viral, esta variante registou na semana 48 (29 de novembro a 5 de dezembro; análise concluída) e na semana 49 (6 a 12 de dezembro; dados em apuramento) frequências relativas de 1,6% e 2,5%, respetivamente.
“Este resultado sugere uma baixa circulação da variante Ómicron no final de novembro/início de dezembro, em forte contraste com o aumento abrupto de circulação desta variante estimado para os dias seguintes, com base na estratégia de monitorização em tempo real da ‘falha’ na deteção do gene S”, adianta.
Segundo o INSA, “o recurso a este critério tem permitido identificar, desde o dia 6 de dezembro, um crescimento exponencial na proporção de casos prováveis, tendo atingido uma proporção estimada de 46,9% no dia 20 de dezembro”.
Relativamente à variante do coronavírus SARS-CoV-2 Delta, os dados indicam que nas semanas 47 e 48 (entre 22 de novembro e 5 de dezembro), com amostragens fechadas e análises concluídas, registou-se uma frequência relativa de 99,8% e 98,4%, respetivamente.
Na semana 49 (6 a 12 de dezembro, cujos dados ainda estão em apuramento), a variante Delta apresentava uma frequência relativa provisória de 97,5%.
Em Portugal, as sequências Delta analisadas até à data dividem-se em mais de 100 sublinhagens, que começaram a ser definidas com o prefixo “AY”, das quais se destacam a AY.43.5 (AY.43 com mutação adicional N501S na proteína Spike), que tem representado, em média, desde a semana 44 (1 a 7 de novembro), cerca de 5% de todas as sequências analisadas, ilustrando a continuidade da sua circulação em múltiplas regiões, refere o INSA.
Já a sublinhagem AY.4.2 tem revelado “uma frequência relativa tendencialmente crescente”, de 1,8% na semana 42 (18 a 24 de outubro) para 6,5% (semana 49, 6 a 12 de dezembro, cujos dados ainda estão em apuramento), mantendo uma maior circulação na Região do Algarve.
“Em relação às sublinhagens com a mutação de interesse E484Q, confirma-se a continuidade da cadeia de transmissão detetada no Porto e a emergência independente de novos clusters com este perfil”, lê-se no relatório.
O INSA, através do Núcleo de Bioinformática do seu Departamento de Doenças Infeciosas, já analisou 23.663 sequências do genoma do coronavírus SARS-CoV-2, obtidas de amostras colhidas em mais de 100 laboratórios, hospitais e instituições, representando 303 concelhos de Portugal.
No âmbito da monitorização contínua, têm vindo a ser analisadas uma média de 538 sequências por semana desde o início de junho de 2021, provenientes de amostras colhidas aleatoriamente em laboratórios de todo o país.
A covid-19 já matou 18.796 pessoas em Portugal, onde foram contabilizados 1.227.854 casos, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A Ómicron, classificada como preocupante pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 89 países de todos os continentes, incluindo Portugal.