Portugal pode ultrapassar as linhas vermelhas da pandemia até o final deste mês de junho, o que deverá obrigar o Governo a rever o processo de desconfinamento do país. O aviso é da Direção-Geral da Saúde e do Instituto Ricardo Jorge.
A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que já está mais próxima da zona de risco com transmissão mais elevado.
O número de internados nos cuidados intensivos também tem estado a subir, sobretudo no continente, com os hospitais de Lisboa a poderem esgotar a sua capacidade de resposta nas próximas semanas.
Com o crescimento do número de casos detetados da variante Delta do coronavírus, esta variante pode vir a tornar-se dominante nas próximas semanas em Portugal.
Até quarta-feira da passada semana tinham sido identificados 92 casos. As autoridades de saúde contactaram os infetados, um a um, à procura das cadeias de transmissão, mas em muitas situações não encontraram ligação com nenhum caso conhecido de covid-19. Ou seja, foram infetados na comunidade. A variante Delta foi detetada na Índia e já é predominante no Reino Unido, que decidiu adiar por mais um mês o desconfinamento, confirmou esta segunda-feira o Governo britânico.
Em conferência de imprensa, Boris Johnson explicou a decisão com o crescimento da variante Delta da Covid-19. “Está a crescer 64% por semana”, disse o primeiro-ministro britânico aos jornalistas, sublinhando ainda que está confiante que este atraso de um mês será suficiente e que o país vai mesmo desconfinar a 19 de julho.
“Não podemos simplesmente eliminar a covid-19. Temos de aprender a viver com ela”, começou por dizer. “A partir de 19 de julho teremos dois terços da população adulta – incluindo todas as pessoas com mais de 50 anos, grupos vulneráveis, todos os trabalhadores da linha da frente – com as duas doses da vacina já tomadas”, continuou, reforçando ainda que até meio de maio todas as pessoas residentes no Reino Unido com mais de 40 anos já têm pelo menos a primeira dose tomada.
“Vamos monitorizar tudo diariamente e se daqui a duas semanas concluirmos que o risco diminuiu, existe a possibilidade de avançarmos com a quarta fase de desconfinamento mais cedo. Como as coisas estão neste momento – e tendo em conta os dados que temos hoje – estou confiante que não vamos precisar mais do que quatro semanas e não vamos precisar de ir além de 19 de julho. É sem qualquer dúvida claro que as vacinas estão a funcionar e a enorme escala de administração da vacina deixa-nos numa posição incomparavelmente melhor do que nas vagas anteriores”, acrescentou.
O adiamento, explicou Boris, tem também como objetivo assegurar que este grupo que ainda só tem a primeira dose tome a segunda antes de o país começar a desconfinar. “O nosso objetivo é que todos os adultos deste país tenham a primeira dose tomada até 19 de julho. E para darmos esse tempo extra ao NHS [Serviço Nacional de Saúde britânico] vamos adiar a quarta etapa até 19 de julho”, disse.
Boris lembrou ainda que os casos de internamento hospitalar estão a aumentar 50% por semana e deu principal destaque ao crescimento dos internamentos na zona noroeste do Reino Unido (61% por semana).
Em Portugal, o Presidente da República já afastou a hipótese de recuos no desconfinamento a nível nacional e diz que os hospitais ainda estão longe de uma pressão igual à de janeiro.
Marcelo Rebelo de Sousa explica que o país terá de se habituar ao aparecimento de novas variantes e que a vacinação periódica poderá ser uma realidade.
Mas Portugal pode ultrapassar as linhas vermelhas da pandemia já daqui a duas semanas, o que pode obrigar o Governo a rever o processo de desconfinamento do país. O aviso é da Direção-Geral da Saúde e do Instituto Ricardo Jorge. Esta segunda-feira, o primeiro-ministro disse que ninguém pode garantir que não se volta atrás no desconfinamento, sublinhando que o Governo adotará “em cada momento as medidas que se justifiquem perante o estado da pandemia”.
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