A 8 de janeiro de 2010, a Assembleia da República aprovou o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, com 196 votos a favor, 97 contra e 7 abstenções.
A lei foi promulgada, entrou em vigor a 5 de junho, e, logo no ano seguinte, 221 casais de homens e 103 de mulheres acabaram por celebrar a união (total de 324, o mesmo número do ano seguinte). E, desde então, os valores têm vindo a aumentar.
No ano passado, 801 casais do mesmo sexo (413 entre o sexo masculino e 388 entre o feminino) acabaram por casar.
Ao longo da última década uma tendência manteve-se inalterável: todos os anos houve mais casamentos entre homens do que entre mulheres.
Portugueses casam cada vez mais tarde
Os portugueses também estão a optar por casar cada vez mais tarde. Entre os homens, a idade média para casar são os 35,1 anos e entre o sexo oposto a idade situa-se nos 33,7 anos. E nunca estes valores foram tão altos. A crise que se tem verificado nos últimos anos contribui, em parte, para estes números, pois é cada vez mais difícil para os portugueses conseguirem ter condições económicas para conseguir a sua autonomia, pagar uma casa, e poder sustentar os elementos do agregado familiar.
Só a partir de 2009 a média de idades entre os homens superou a barreira dos 30 anos, o que só aconteceu quatro anos mais tarde entre as noivas.
Em comparação com outros tempos, basta dizer que em 1975 – quando o número de casamentos superou a fasquia dos 100 mil -, o noivo tinha em média uma idade de 25,7 anos e a noiva 23,6.
Mais casamentos civis que católicos
Apesar de Portugal ser um país historicamente religioso, e maioritariamente católico, atualmente os portugueses (e quem opta por casar em Portugal) preferem casar mais pelo civil numa qualquer conservatória do país do que numa igreja.
Em Portugal celebraram-se 36.952 casamentos, e entre aqueles que uniu pessoas do mesmo sexo, 26.374 tiveram como palco uma conservatória e apenas 9.662 respeitaram a tradição católica. Há ainda 115 uniões que foram festejadas respeitando outras crenças.
Mas nem sempre esta tendência se verificou. 2007 acabou por ditar a viragem, já que foi a partir desse ano que o número de casamentos civis superou os religiosos. E assim se manteve até aos dias de hoje. Aliás, e com exceção dos anos da pandemia (2020 e 2021), nunca houve tão poucos casamentos católicos como em 2022 (9.662).
Mais de 100 mil uniões no pós 25 de Abril
Foram 36.952 os casais que escolheram casar em 2022. A maior parte das celebrações teve lugar na zona norte do país (13.012), área metropolitana de Lisboa (9.990) e área metropolitana do Porto (6.666).
Para quem não conhece os números do passado, até pode pensar que este número é elevado. Mas a estatística prova o contrário. Nos dois anos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974 foram batidos todos os recordes. Aliás, nunca antes – ou depois – o número de casamentos superou a marca dos 100 mil: 103.125 (1975) e 101.885 (1976). Valores que desceram na década seguinte para a casa dos 70 mil, na década de 90 diminuiu para os 60 mil, a viragem do milénio fez com que o número rondasse os 45 mil, até que se chegou até aos atuais números. É caso para se dizer que nunca se casou tão pouco em Portugal.
- Por João Tavares
Leia também: Loulé é o concelho mais casamenteiro do Algarve