O presidente do Chega exigiu hoje conhecer “as suspeitas reais e os factos reais” apurados pelos serviços de informações portugueses sobre espionagem russa em Portugal, em audições no parlamento à porta aberta ou fechada.
Em declarações aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa, André Ventura disse recear “que o Governo de Vladimir Putin, através de associações financiadas algumas delas com o dinheiro público, possa estar a atuar de forma impune, de forma livre em Portugal”, e lançou um repto ao PS.
“Que o PS permita que os grupos parlamentares ouçam os dirigentes dos serviços secretos em Portugal, mesmo que seja à porta fechada, para sabermos como está a ser feito o acompanhamento e a monitorização destas situações, quando é que este acompanhamento começou e quais são as suspeitas reais e os factos reais que há de participação de espionagem russa em Portugal, e se o Governo foi conivente ou não com essa espionagem russa”, desafiou.
O presidente e deputado do Chega acrescentou que, “se o Governo preferir que seja à porta fechada, seja à porta fechada” e até que, “se o PS quiser que seja só o ministro da Administração Interna, seja só o ministro da Administração Interna”.
“Mas alguém deve ir ao parlamento dar explicações. É impensável que numa democracia como a nossa os líderes dos maiores partidos portugueses estejam completamente à deriva sobre o que se passa em Portugal nesta matéria de monitorização dos serviços secretos”, defendeu.
André Ventura, que lidera o partido com a terceira maior representação no parlamento, observou que “tratar os partidos políticos, os maiores partidos políticos portugueses, como se trata o mais reles cidadão não é propriamente uma boa prática da democracia”.
“Este é um caso que põe em causa a segurança nacional e acho que é tempo que o Governo aceite que vá ao parlamento quem tem de dar explicações”, insistiu.
Questionado sobre a ideia de se constituir uma comissão de inquérito parlamentar sobre o envolvimento de russos no acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal, o presidente do Chega não deu uma resposta direta, manifestando-se a favor de “todas as iniciativas para investigar o que se passou em Setúbal, mas também noutros pontos do país”.
Referindo que este assunto “não foi objeto direto da conversa com o Presidente da República”, Ventura preferiu abordar de forma geral as “suspeitas de uma outra potência estar a usar espionagem em Portugal para realizar atividades” e centrou-se na defesa de audições em comissão parlamentar de dirigentes dos serviços secretos.