AtlantOS, um dos maiores e mais ambiciosos projectos europeus de investigação marinha das últimas décadas, foi apresentado na semana passada, em Bruxelas. Contando com 62 parceiros, de 18 países, entre os quais a Universidade do Algarve, este projecto pretende definir a estrutura geral do novo sistema de observação oceânico europeu, desenvolvendo observações in-situ e sistemas de previsão para uma melhor gestão e exploração sustentável dos recursos marinhos.
A União Europeia financia o AtlantOS como parte do programa-quadro “Horizonte 2020”, com cerca de 20 milhões de euros, durante um período de quatro anos. O projecto é coordenado pelo Geomar Helmholtz Centre for Research Oceano Kiel.
A primeira reunião contou com a presença de Sigi Gruber, directora da DG Investigação e Inovação, Comissão Europeia, Bélgica, e de Ricardo Serrão Santos, deputado do Parlamento Europeu e membro Comissão das Pescas. Segundo Sigi Gruber, “AtlantOS é um projecto ‘bandeira’ no universo do H2020, com um financiamento recorde na área do mar, dando corpo à declaração de Galaway ao incluir países como EUA, Canadá, Brasil, Argentina e África do Sul”.
A iniciativa tem como parceiros universidades, empresas e institutos, que representam o que melhor se faz a nível mundial em observação e previsão oceânica.
No que respeita à participação da UAlg, esta centra-se na demonstração de produtos finais para os utilizadores, tendo em conta a componente dos derrames de hidrocarbonetos. Neste âmbito, investigadores do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da UAlg irão desenvolver sistemas de previsão e mapas de risco dinâmico de derrames de hidrocarbonetos, cruzando simulações hidrodinâmicas com as rotas dos navios, utilizando, para isso, os dados europeus disponíveis para todo o Atlântico. Este conceito será aplicado a todo o oceano, numa óptica de demonstração. A costa do Algarve terá um tratamento especial visto já existir muito trabalho de base desenvolvido pela equipa para esta região.
Segundo Flávio Martins, docente e investigador responsável pela coordenação deste projecto na UAlg, “os resultados finais do AtlantOS transcendem em muito as questões locais. Contudo, as mais-valias são garantidas pelo facto de termos uma equipa da UAlg no projecto que transferirá o conhecimento para a região”.
Paralelamente, a mesma equipa de investigação está a desenvolver um sistema de previsão marítima da costa do Algarve (SOMA), com valências não só na previsão do risco de derrames de hidrocarbonetos, mas também de outras aplicações para a economia local: aquacultura, pescas, turismo náutico, ecoturismo, ambiente, entre outras.
Mais informação sobre o projecto disponíveis em https://www.atlantos-h2020.eu/ e http://www.cima.ualg.pt/cimaualg/index.php/pt/projeto-atlantos