O presidente da Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA) afirmou hoje que o turismo “tem futuro”, apesar da pandemia de covid-19, defendendo que os empresários devem “resistir” e manter a atividade até a retoma chegar.
Em declarações à Lusa, Vítor Neto disse que os cenários de recuperação mais otimistas não se têm verificado e as empresas devem ter em conta os diversos cenários sobre as perspetivas de retoma económica para garantir que as suas empresas se mantêm em atividade até lá.
O antigo secretário de Estado do Turismo do socialista António Guterres resumiu desta forma o conteúdo de um comunicado que a associação empresarial algarvia divulgou hoje para “sinalizar, por um lado, que acredita na retoma e na recuperação do turismo”, mas advertindo que há múltiplos fatores que podem atrasar os cenários mais otimistas sobre a recuperação.
Vítor Neto considerou que a crise criada pela pandemia de covid-19 é “bastante grave e não afetou só as empresas mais diretamente relacionadas com o turismo, como o alojamento e a restauração”, atingindo também “um conjunto de empresas que também fornecem bens e serviços ao alojamento e restauração”.
Aquele responsável deu como exemplos os “milhares” de empresas de “equipamentos alimentação, bebidas ou ‘software’” que foram “fortemente afetadas” pela quebra de atividade e considerou que os empresários devem ter “muito cuidado e cabeça fria” para conseguirem chegar à fase da retoma com os negócios em atividade.
“A questão que se coloca é que há condicionantes e fatores de incerteza muito grandes. E o principal é o da evolução da pandemia. É evidente que temos de combater a pandemia na nossa região e país e gerar essa perceção a nível nacional e internacional. Mas depende também da pandemia nos outros mercados emissores”, argumentou.
O presidente do NERA criticou a União Europeia por “não ter uma atitude comum dos países desde o início”, recordando que a “Organização Mundial do Turismo traçou três cenários possíveis [para o impacto da pandemia] e acertou”, lamentando que “ninguém tenha ligado em maio a estes cenários”.
“Uma empresa não pode trabalhar assim e precisa de análises rigorosas”, sustentou, frisando que as estimativas da OMT apontavam para “quebra de 70 a 75% a nível mundial” como terceiro cenário possível e ele acabou por acontecer, mas as perspetivas de retoma mais otimistas não se verificaram.
Há também as “consequências no transporte aéreo”, que “não vai melhorar de um dia para outro”, e os empresários “não podem ter ilusões, mas antes ter sensibilidade para perceber o que se passa no mundo” e “manter o espírito de sacrifício” para ultrapassar esta fase, acrescentou.
O presidente do NERA apelou, por isso, à “resistência e luta” dos empresários para manterem a atividade até a recuperação ser uma realidade na atividade turística.
A covid-19 já matou em Portugal 16.023 pessoas dos 798.074 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.