O número reduzido de queixas na região relativas aos transportes públicos de passageiros levou a DECO Algarve a aprofundar a questão e criar a campanha “Estes transportes não nos servem – faça greve ao seu carro”, onde desafia os consumidores algarvios a deixar o carro e utilizar os transportes públicos, promovendo a mobilidade e a qualidade ambiental.
Tânia Neves, jurista responsável pelo projecto, revelou ao POSTAL que “na última década os transportes públicos no Algarve perderam 25% dos utilizadores. As pessoas estavam tão insatisfeitas que nem os utilizavam”. Neste sentido, a campanha da DECO Algarve pretende compreender as causas do declínio da utilização dos transportes públicos e mobilizar os seus passageiros para as dificuldades que os afectam no quotidiano, desafiando os não utilizadores a ter essa experiência e conhecer as reais falências da população relativamente aos transportes. “Um assunto que deve merecer uma atenção especial de todos, sobretudo da população, consumidores ou não, porque são eles os principais interessados e mais conhecedores daquilo que faz falta na região. Só assim a DECO os consegue ajudar da melhor forma possível”.
Ausência de transportes e tarifários elevados são os maiores problemas da região
Para atingir os objectivos da campanha, a DECO Algarve organizou cinco viagens de autocarro pela região, com diferentes percursos, de forma a expor as maiores fragilidades de cada trajecto.
Após uma detalhada pesquisa que revelou algumas “situações caricatas e desprovidas de sentido”, a DECO Algarve mostrou as dificuldades que existem ao utilizar os transportes públicos para viajar de Faro ao Aeroporto (30 de Junho), de Tôr a Loulé (11 de Julho), de Albufeira à Universidade do Algarve – Campus Gambelas (17 de Outubro), de Portimão a Sagres (27 de Novembro) e de Tavira a São Brás de Alportel (22 de Fevereiro).
Viagens que confirmaram que “os transportes públicos continuam a ser o grande problema da região”, afirma Tânia Neves. Horários sem sentido, preços muito elevados, ausência de transportes, falta de informação ou informação completamente desactualizada, em sites confusos que dificultam a pesquisa dos utilizadores, e a degradação e localização de algumas estações ou pontos de espera, foram os principais problemas com que a DECO Algarve se deparou. Situações que curiosamente coincidem com algumas das queixas apresentadas na plataforma, sendo a falta de horários ou a supressão deles, a queixa mais apresentada pelos consumidores.
Personalidades da região acompanharam os percursos
Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve; Miguel Freitas, na altura enquanto primeiro secretário da AMAL; Paulo Águas, actual reitor da UAlg; Álvaro Bila, presidente da Junta de Freguesia de Portimão; Carlos Fernandes, presidente da Junta de Freguesia de Lagos; Luís Palmeira, da direcção da DECO Algarve, e José Liberto Graça, presidente da União de Freguesias da Luz de Tavira e Santo Estêvão; foram as sete personalidades que acompanharam a DECO Algarve ao longo dos cinco percursos.
A ideia, disse Tânia Neves ao POSTAL, era ter “personalidades reconhecidas na região pela importância que têm junto dos consumidores e pelo peso que poderiam ter nas nossas reivindicações, podendo fazer chegar estas informações ao Governo de uma forma mais credível”. A escolha de cada uma dessas personalidades teve também em conta a relevância que cada percurso teria na vida de cada um e, por isso, “no percurso mais ligado ao turismo fez todo o sentido convidar a RTA”.
A reacção da população foi bastante positiva e fez-se sentir logo após a primeira viagem. “Começámos logo a receber mais queixas na plataforma e até mesmo aqui presencialmente na delegação”.
(Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire)