Não é nada incomum que os trabalhadores, seja em que setor for, acham que têm menos tempo de descanso do que aquele que realmente merecem. A boa notícia é que a lei tem uma palavra a dizer acerca desta matéria. O artigo 232º do Código do Trabalho (CT) estipula que os trabalhadores têm direito a pelo menos um dia de descanso obrigatório por semana, podendo este ser gozado em qualquer dia, como avança o Ekonomista.
Adicionalmente, têm ainda direito a um segundo dia de descanso, que deve coincidir com o domingo ou o sábado. Afinal, qual é o verdadeiro papel do domingo na vida dos trabalhadores? Este tema é frequentemente alvo de confusões. O domingo é considerado “o” dia de descanso semanal obrigatório, enquanto o sábado é visto como um dia de descanso semanal complementar. Contudo, existem exceções para empresas que não podem interromper a sua atividade em nenhum dia da semana.
Há inúmeras empresas onde os trabalhadores estão sob um regime de rotatividade de horários. Nessas empresas, os dias de descanso obrigatórios podem variar, podendo, numa semana, coincidir com a segunda e terça-feira, e na semana seguinte, com o domingo e segunda-feira, por exemplo.
Embora a lei consagre o domingo como dia “oficial” de descanso semanal obrigatório e o sábado como descanso semanal complementar, há situações em que isso não se verifica. Empresas cuja atividade não pode encerrar em nenhum dia da semana, ou que operam em setores específicos como aeroportos, segurança, transportes, exposições e feiras, e serviços de emergência, muitas vezes ajustam os dias de descanso para outros momentos da semana.
Para estes trabalhadores, os períodos de descanso podem ser adiados, conforme necessário, para garantir a continuidade do serviço.
O dia semanal de descanso complementar pode ser dividido em dois períodos imediatamente antes ou depois do dia de descanso semanal obrigatório, ou em meio dia antes ou depois desse dia. O tempo restante é deduzido do período normal de trabalho dos outros dias úteis, sem alterar a duração total da semana de trabalho.
Em casos onde trabalhadores da mesma empresa pertencem ao mesmo agregado familiar, os dias de descanso devem ser ajustados para coincidirem, garantindo o descanso conjunto.
A questão do descanso semanal ao domingo é complexa. Se por um lado é crucial que serviços de saúde, segurança e transportes se mantenham operacionais aos domingos, por outro lado, muitos setores aproveitaram-se desta necessidade e instituíram o domingo como dia de trabalho. Um exemplo notório são as superfícies comerciais que permanecem abertas ao domingo, algo que não é comum em muitos países europeus.
Podemos discutir os benefícios de trabalhar ao domingo tanto para o trabalhador quanto para a empresa. Para a empresa, operar aos domingos geralmente aumenta os lucros. Para os trabalhadores, a preocupação é que trabalhar continuamente, sem os devidos períodos de descanso, possa resultar em abusos e consequências negativas.
As diretivas da União Europeia são claras: os trabalhadores devem ter direito a um período mínimo de descanso diário de onze horas consecutivas e a um período mínimo de descanso semanal de 24 horas consecutivas, a cada sete dias, durante um período de referência de duas semanas.
Este equilíbrio entre os direitos dos trabalhadores e as necessidades das empresas é crucial para garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo, alinhado com as melhores práticas europeias.
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