A segurança é uma preocupação crescente em muitos lares e empresas, e as câmaras de vigilância tornaram-se uma ferramenta comum para proteger propriedades e vigiar espaços. No entanto, uma nova técnica desenvolvida por investigadores da Northeastern University está a lançar dúvidas sobre a segurança desses dispositivos.
Denominada EM Eye, esta técnica, como nos conta o Pplware, utiliza antenas de rádio para captar a radiação eletromagnética emitida pelos fios dentro das câmaras de vigilância. Esses fios, que funcionam como transmissores de rádio não intencionais, permitem que os investigadores obtenham acesso ao vídeo em tempo real, mesmo através das paredes.
Os investigadores testaram a técnica em uma variedade de câmaras, desde as domésticas até às de smartphones, e descobriram que ela era eficaz em diferentes modelos, variando a distância de deteção entre 30 centímetros e 4,87 metros, dependendo da câmara.
Esta descoberta levanta questões sérias sobre a segurança e a privacidade das câmaras de vigilância modernas. Os fabricantes geralmente focam-se na proteção das interfaces digitais intencionais, como canais de armazenamento em nuvem, mas negligenciam os vazamentos de informação através de canais não intencionais, como os fios.
O vídeo captado pela técnica EM Eye inicialmente pode ser distorcido, mas os investigadores utilizaram aprendizagem automática para melhorar a qualidade do vídeo. No entanto, o potencial de espionagem não autorizada permanece uma preocupação significativa.
Os investigadores recomendam que os fabricantes considerem medidas para proteger os fios dentro das câmaras ou encriptar os dados de vídeo para evitar esse tipo de ataque. Além disso, alertam os utilizadores para estarem conscientes dos riscos e evitarem colocar câmaras em locais sensíveis.
Esta técnica baseia-se no princípio da indução eletromagnética, que permite que um campo magnético variável induza uma corrente elétrica num condutor. Ao apontar uma antena de rádio para a câmara, os investigadores conseguem captar o sinal eletromagnético e convertê-lo em vídeo.
Embora a técnica tenha potenciais aplicações legítimas, como a deteção de dispositivos defeituosos, também representa uma ameaça à segurança pessoal e nacional. Os investigadores alertam que a sua técnica não se limita apenas às câmaras de vigilância e pode ser aplicada a outros dispositivos com fios que transportam dados de vídeo.
Esta descoberta destaca a necessidade contínua de vigilância e proteção contra ameaças emergentes à segurança digital e física.
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