A empresa Sustainable Travels, que iniciou a sua atividade no início do ano, pretende mostrar o Algarve noutra perspetiva. O POSTAL esteve à conversa com Sofia Costa, a mentora do projeto.
“Eu tentei explicar logo o conceito no nome, ou seja, é um conceito de viagens mais sustentável. O que é que isto significa? São viagens feitas de forma a beneficiar o local em que são praticadas, tanto a nível das populações, a nível cultural, como ambiental, preservando o espaço para quem queira usufruir dele no futuro”, começou por referir ao nosso jornal.
Sofia Costa afirma que só faz parcerias com pequenas empresas locais, para que o efeito na região, na economia e nas populações seja maior.
“Posso dar um exemplo de um parceiro que tenho em Olhão, de um rapaz que começou a fazer passeios de barco. Ele era mariscador e quis dar a volta à sua vida e usar a ria de outra forma, de modo a que lhe desse mais rendimento e então começou com um barco a fazer os passeios e, atualmente, já tem uma empresa com vários trabalhadores e três barcos. O turismo deu-lhe uma nova oportunidade”, recorda.
“Eu faço parcerias com essas empresas familiares, a nível de alojamento. Tenho vários alojamentos rurais que são de irmãos que pegaram em propriedades dos pais ou dos avós e decidiram abrir um pequeno turismo rural”, explica.
A responsável salienta que “procura sempre que os parceiros tenham uma sensibilização ambiental acrescida, no sentido de minimizar possíveis impactos negativos que tenham no ambiente, que respeitem códigos de conduta quando vão, por exemplo, para a observação de fauna para passeios na natureza e que os alojamentos tenham formas alternativas de energia, que reduzam os resíduos que produzam. É esse o conceito”.
O objetivo do projeto é mostrar que o Algarve tem mais para oferecer
Sofia Costa é peremptória: “o objetivo do projeto é mostrar o Algarve noutra perspetiva e mostrar que a região tem mais para oferecer durante todo o ano, do que só sol e praia no verão, que continua a ser o que é mais procurado e isso tem impactos negativos e não é nada sustentável”.
“Durante os três, quatro meses de verão temos um grande número de turistas também concentrado nas mesmas zonas, no mesmo período, o que causa um impacto muito grande sobre os recursos e a vida das populações”, destaca.
O objetivo da Sustainable Travels é criar alternativas durante todo o ano em zonas do Algarve que ainda não são tão divulgadas lá fora. “Neste momento temos pacotes na parte central do Algarve (Olhão, Faro, São Brás de Alportel e Loulé), mas estamos a desenvolver dois novos, um em Castro Marim e outro na zona de Sagres”, disse.
A maioria do target que tem procurado esta agência vem do norte da Europa e Reino Unido. “O nosso objetivo é, no entanto, também atingir mercados mais longínquos, como é o caso da América ou do Canadá porque são pessoas muito sensibilizadas para a cultura e para a natureza”, refere.
Projeto engloba vários pacotes de atividades
O projeto engloba vários pacotes de atividades. Sofia Costa referiu ao POSTAL que existe o pacote Vida Selvagem, em que as atividades se centram num passeio de observação de cetáceos com partida de Olhão e um passeio de observação de aves, que dura um dia inteiro, onde os clientes vão passar por vários pontos de interesse ao longo da região e, por fim, um passeio na quinta de Marim para tentar observar o camaleão, com a ajuda de um guia.
“A nível cultural temos gastronomia e natureza, que oferece um passeio na natureza no barrocal algarvio, em que as pessoas vão almoçar num restaurante típico, há uma ida a uma queijaria, para ver o fabrico de um queijo artesanal, e também a uma fábrica de licores tradicional. Inclui ainda um passeio cultural e gastronómico em Faro, em que é feita a ligação entre a cultura e a história de cidade e a gastronomia da região. Neste pacote, sugerimos ainda um workshop para aprender a fazer cataplana”, propõe.
Sofia Costa é licenciada em Eco-Turismo
Sofia Costa tem 30 anos e é licenciada em Eco-Turismo. “Há bastante tempo que tenho esta ideia do turismo sustentável, do turismo mais vantajoso para o local onde é praticado, mas depois ao longo dos anos acabei por nunca trabalhar na área”, realça.
A mentora do projeto já trabalhou em hotelaria, na receção e num projeto de conservação ambiental, “O RIAS”, mas a ideia de fazer algo diferente sempre pairou na sua mente.
“Ficou sempre o bichinho de fazer alguma coisa na área em que estudei e o Algarve tem imenso potencial e comecei a ver cada vez surgirem mais pequenos negócios, pequenas empresas que desenvolvem essa atividade, mas achei que faltava algo que reunisse esses negócios. Então surgiu esta ideia de criar a agência com estes pacotes para quem venha de fora não ter de procurar”, explica.
A responsável afirma que a aceitação e o feedback das pessoas tem sido bastante positivo. “Já existem muitas atividades na natureza, inclusivamente noutras agências de viagem, mas nós vamos mais longe, pois procuramos que o impacto seja maior e que o lado cultural prevaleça”, destaca.
“Às vezes as pessoas podem achar que por ser sustentável é mais caro, mas isso não é verdade. Temos pacotes de cinco dias a partir de 430 euros, portanto é bastante acessível”, salienta.
O pacote inclui a estadia, as atividades, o seguro durante as atividades e ainda um pequeno guia, com dicas sobre a região, informações gerais sobre o Algarve, gastronomia e outras opções locais a visitar nos tempos livres.