“Se o leão não contar a sua história, o caçador o fará”.
(Provérbio africano)
Storytelling é uma palavra inglesa que está relacionada com uma narrativa e com a capacidade de contar histórias com impacto.
É difícil indicar a data precisa da criação do Storytelling, mas é sabido que tem milhares de anos, já que contar histórias sempre foi uma característica do ser humano, mesmo antes de existir a linguagem escrita.
O especialista em Storytelling, James McSill, refere que “os nossos ancestrais já tinham o hábito, quando, ao fim de cada dia, se reuniam à volta das fogueiras e contavam as suas fantásticas caçadas e vitórias. Já naqueles tempos, essa era a maneira de legitimar uma liderança por meio da referência.”
O Storytelling é uma emoção viva com base na memória e no fluir do saber estar e do saber dizer. E hoje em dia pode ser usado de muitas formas: como estratégia de marketing, para motivar os colaboradores internos de uma empresa, para ajudar no lançamento de um produto, numa campanha de publicidade, numa campanha política, na área motivacional e transformacional, etc…
Actualmente, o Storytelling está presente em várias áreas de expressão, como o cinema, televisão, literatura, teatro e até mesmo videojogos.
James McSill refere que “uma história adequadamente alinhada vai encantar, sem haver encantamento, não há vendas nos dias de hoje. Raramente compramos um produto ou serviço, compramos o sonho ou a esperança de que aquilo nos fará melhores”.
Uma boa história é autêntica, criativa, apela aos sentidos, faz conexão emocional e pessoal, inspira acção e leva o público por novos caminhos de mudança e transformação.
Faz parte do tempero do Storytelling um toque emocional. A emoção conquista, envolve e desperta e é nesse contexto que pode surgir a transformação.
Algumas frases que anotei nas formações em Storytelling com James McSill e, no Algarve com Ângela Martins, foram: “o ser humano estabelece ligações interpessoais através do acto de contar histórias e estas deixam uma representação de nós próprios nos outros”. E ainda: “o que nos defi ne é o somatório das nossas histórias, por isso elas são um legado”.
Uma história pode ser contada de improviso ou pode ser uma história retocada e trabalhada. Também pode ser usada no contexto da aprendizagem, sendo uma importante forma de transmissão de elementos culturais tal como regras e valores éticos.
O Storytelling é uma aptidão que pode ser desenvolvida e algumas pessoas já têm uma aptidão inata. Desde criança que me lembro de contar histórias e divertir-me a recriá-las acrescentando a imitação de sotaques. Adaptava os diálogos entre os personagens para tornar as histórias mais divertidas, dando-lhes uma marca de algarviandade! Mais tarde apercebi-me, já enquanto professora, que era importante contar histórias impactantes e coerentes que ilustrassem os conteúdos de forma a tornar as matérias mais interessantes para os alunos.
Há uma frase do pedagogo brasileiro Paulo Freire que diz que as matérias entram mais facilmente na cabeça quando passam pelo coração.
James McSill, o maior especialista mundial em Storytelling, tem vários livros publicados, faz palestras e ministra cursos em todo o mundo. Tive a oportunidade de ter formação com ele e ter terminado no mês passado a Certificação Internacional em Storytelling. É uma ferramenta importante e útil para quem escreve e cria conteúdos, faz palestras e organiza eventos.
Escolhendo e amando as palavras, numa simbiose narrativa, o Storytelling transmite uma mensagem, deixando o interlocutor emocionalmente atento à arte de contar que existe em si!
(Artigo publicado no Caderno Cultura.Sul de março)