O 25 de Abril de 74 foi uma janela de esperança de uma vida melhor para toda a gente através de uma melhor gestão da coisa pública, volvido meio século vê-se que foi uma mera ilusão para a maioria.
Muito foi feito localmente, muitas vezes ‘tarde e a más horas’, mas foi feito por vontade de quem quer efectivamente o bem comum. Ao nível nacional foi feito muito por ‘arrasto’ da própria sociedade apesar de não existir uma estratégia solidamente planeada e programada, a propaganda e as promessas falaciosas e incoerentes continuam a distribuir falsas esperanças de melhores dias. É por isso que eu:
Sinto repulsa por haver famílias de atletas que têm que fazer peditórios para os seus filhos irem representar Portugal em competições internacionais e voltarem de lá campeões mundiais.
Sinto repulsa por ter de haver muitos agentes da GNR e da PSP a comprarem latas de conserva e pão para darem a colegas deslocados porque não ganham o suficiente para sustentarem a família e estarem longe.
Sinto repulsa por existirem professores/as que são espancados na sala de aula ou à porta da escola por estarem a educar/ensinar as crianças para estas terem uma adultez melhor do que os seus pais.
Sinto repulsa por ver processos judiciais de reconhecidos vigaristas passarem anos nos tribunais até prescreverem.
Sinto repulsa pelos slogans de igualdade ao mesmo tempo que o sistema de (in)justiça transforma alguns em mais iguais do que os outros.
Sinto repulsa quando vejo burlões serem oficialmente louvados.
Sinto repulsa quando vejo anciãos que trabalharam a vida inteira serem socialmente torturados enquanto são dados subsídios a quem nunca fez nada a não ser roubar.
Sinto repulsa pelas filas de espera para consultas e cirurgias.
Sinto repulsa pelas negociatas fraudulentas para o Estado que somos todos nós.
Não vou alargar-me mais porque o rol seria enorme. É pena que um país tão pequeno continue a ser governado em ‘família’ como antigamente, mas sob a capa da democracia. O Povo, calmo e sereno, parece acomodar-se às trapalhadas constantes de quem usufrui principescamente dos impostos pagos pelo suor e sofrimento de quem trabalha.
A EU obriga directa ou indirectamente o governo a tomar medidas que de outra forma não faria, o Tribunal de Justiça Europeu condena frequentemente o Estado português, mas o governo assobia para o lado porque quem lhe dá os votos são os portugueses.
Faço votos para que um dia este Povo digno seja tratado como tal para que ninguém tenha vergonha de dizer que é português.