«Unidos na diversidade» é (deveria ser) o lema da nossa Europa — não só pela multiplicidade de idiomas e culturas; também pelas opções políticas e estratégicas que cada EstadoMembro da União Europeia apresenta.
A pandemia destes dias é exemplo ilustrativo: no seu enfrentamento não há (nem se preconiza) unanimidade.
Alguns (aliás, a maioria) atêmse ao princípio da inexistência de preço para a vida humana. É o caso de Portugal, que preferiu sacrificar a atividade normal, ainda que com pesadíssimos custos para a economia, perante a perspetiva de uma mortandade elevada, designadamente entre a população idosa. Por outras palavras: as autoridades portuguesas, à semelhança de quase todos os países da Europa (uns mais cedo que outros) assumiram uma praticamente certa contração do produto interno, em troca do salvamento de vidas humanas.
Porém, a Suécia, contrastando até com os vizinhos escandinavos, seus parentes próximos em cultura e idiossincrasia, adotou a abordagem, rara e a que o Reino Unido acabara por renunciar visto o resultado catastrófico que produzia, de não obrigar ao confinamento, de não interromper a atividade económica, de apelar à responsabilidade individual e de meramente aconselhar comportamentos tendentes a desfavorecer a contaminação. Em termos de mortalidade e de sobrecarga dos serviços de saúde, a situação da Suécia é, consequentemente, pior do que a da maior parte dos países, mas vêse vantagem no nível de emprego, que não descerá, na sanidade mental dos cidadãos, que não desenvolverão neuroses, enfim, na produção de riqueza nacional, que não diminuirá. Dito de outro modo: as autoridades suecas parecem considerar que a morte de muitos é um preço aceitável para não se romper uma atividade económica que, a mais longo prazo, beneficiará a coletividade. Por outro lado (esperase), a ausência de interdições excecionais ao relacionamento social permitirá criar alguma da chamada «imunidade de grupo»: se muitos habitantes contraírem o vírus, é previsível que também muitos morram, mas os anticorpos gerados nos sobreviventes barrarão a propagação do mal. E se, dentro de alguns meses ou mesmo semanas, ocorrer uma segunda vaga de infeções, a sua incidência será consideravelmente menor do que nos países onde não se desenvolveu a dita «imunidade de grupo».
Sã diversidade de opções, a reconhecer e analisar sem juízos preconcebidos.
Sã diversidade de opções, a reconhecer e analisar sem juízos preconcebidos.
Mas outras facetas de diversidade denuncia a pandemia por esta nossa Europa: a Holanda, um dos países que mais têm beneficiado com a União (e, desde logo, há que lembrar o que a muitos lhes esquece: jamais algum dos EstadosMembros ditos «ricos» empobreceu por causas inequivocamente atribuíveis à adesão de Estados mais pobres), afronta e vexa os que, no entender do seu ministro das Finanças, não gerem capazmente o tesouro público; e recusa liminarmente a mutualização das dívidas que a pandemia ocasionará. Ninguém faça futurologia, muito menos funestos augúrios, mas a situação pouco auspiciosa da pandemia nos Países Baixos aconselharia mais modéstia, mais humildade, ainda que o espírito de solidariedade europeia lhes falhe.
Noutros locais da UE, desviam-se vergonhosamente carregamentos de material médico e farmacêutico destinado a combater a pandemia em países martirizados. Nota importante: os autores destas indescritíveis infâmias não são só gatunos vulgares, mas, muitas vezes, autoridades públicas.
Unidos na diversidade? Seria de esperar que sim. Mas não é, seguramente, este último tipo de «diversidade» que devemos almejar.
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