A situação de seca agravou-se em Maio, com seca severa em mais de metade do país e extrema em um por cento no Algarve, existindo já défice de humidade no solo, disse hoje à agência Lusa fonte do IPMA.
“De acordo com o índice meteorológico de seca, em 31 de Maio, 45% do território está em situação de seca fraca a moderada e 55% em situação de seca severa a extrema”, adiantou à Lusa a chefe de divisão de Clima e Alterações Climáticas do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA).
Fátima Espírito Santo concluiu que, “em relação ao final de Abril, houve um agravamento, em particular nas classes de seca mais gravosas” e, com base nas previsões existentes, a situação deve manter-se nos próximos meses.
Segundo a climatologista, a seca severa passou de 3% para 53% enquanto na seca extrema não existia qualquer situação no final de Abril e em 31 de Maio passou a registar-se em 1% do território.
Já a situação de seca moderada passou de 79% para 35% em Maio.
“Desde Dezembro que os valores de quantidade de precipitação têm sido consecutivamente bastante inferiores aos valores médios normais para as respectivas alturas do ano”, o Novembro foi uma excepção, apontou Fátima Espírito Santo.
Quanto à distribuição da situação de seca por Portugal continental, “no litoral norte é menos gravosa a situação, há uma faixa do território que abrange o nordeste e parte do Alentejo que tem seca moderada”, descreveu.
Área atingida por seca extrema é 1%
A área atingida por seca extrema “é muito pequena e é no Algarve”, no sotavento, especificou a climatologista, acrescentando que, no resto do país verifica-se fundamentalmente seca moderada e seca severa.
O IPMA analisa a situação com base em vários índices consoante o foco do trabalho que pode ser, por exemplo, a quantidade de precipitação ou a humidade existente no solo.
Assim, a análise com base em outro índice, para avaliar a seca agrícola, em seis meses, de Dezembro a Maio, conclui que “todo o país está afectado”, o que quer dizer que “já há défice de humidade no solo”, salientou a responsável do IPMA.
O cálculo para um índice de 12 meses, que remete para a seca hidrológica, permite à especialista em clima referir que “ainda não existe situação de seca, num período alargado”.
“Neste momento, é preocupante [a situação] em termos de défice de precipitação que remete à seca meteorológica e o défice de precipitação num período mais alargado, de seis meses, em que remete já para o défice de humidade no solo”, resumiu Fátima Espírito Santo.
A especialista disse que “as previsões para as próximas semanas não vêm alterar esta situação”.
Foram elaborados três cenários com base em diferentes quantidades de chuva e, “na melhor da hipóteses, manter-se-á a situação, na pior das hipóteses, se chover menos que o previsto, poderá agravar-se, mas de um modo geral esta situação manter-se-á”.
Fátima Espírito Santo disse ainda que as situações de seca são recorrentes em Portugal, “o que pode estar a aumentar é a intensidade e a severidade da seca”.
“Aliás, nos últimos anos, verifica-se que há uma intensificação da situação de seca”, acrescentou.
(Agência Lusa)