O débito direto tornou-se um serviço bancário comum nas rotinas financeiras de muitas famílias e empresas em Portugal. No entanto, apesar da comodidade que oferece, ao automatizar o pagamento de várias contas, pode transformar-se numa armadilha financeira se não for gerido com cuidado. Como tal, é essencial saber o que pagar e não pagar por débito direto, para evitar surpresas desagradáveis e melhorar a gestão orçamental.
O que é o débito direto?
O débito direto é uma autorização dada por si a uma entidade credora, permitindo que esta retire dinheiro da sua conta bancária para liquidar dívidas. A partir do momento em que concede esta permissão, o credor pode aceder à sua conta sempre que for necessário (geralmente de forma periódica), sem precisar de o notificar antes de o fazer. Embora esta praticidade seja útil para pagamentos recorrentes, pode representar um risco se não houver controlo adequado sobre as autorizações concedidas.
O que pagar por débito direto?
. Pagamentos de valor fixo e regular são a melhor escolha para o débito direto. Estas despesas seguem um padrão previsível e são mais fáceis de gerir no orçamento mensal. São bons exemplos:
- Mensalidades de ginásios ou clubes desportivos;
- Prestações de seguros (de vida, de saúde, do carro, etc.);
- Anuidades fixas (como o Imposto Municipal sobre Imóveis – IMI);
- Serviços de subscrição (como plataformas de streaming ou televisão).
Estes pagamentos são ideais para o débito direto porque têm um valor estável e uma regularidade definida, eliminando a necessidade de estar constantemente a verificar as datas de vencimento.
O que não pagar por débito direto?
Por outro lado, existem certas despesas que não são apropriadas para o débito direto, uma vez que podem ter um impacto imprevisível no seu orçamento. Pagamentos variáveis ou irregulares não devem ser pagos desta forma, uma vez que o valor ou a periodicidade não são consistentes. São exemplos de situações a evitar:
- Faturas de serviços domésticos variáveis (como eletricidade, gás ou água), que podem flutuar significativamente de mês para mês;
- Compras ocasionais ou por impulso, como as feitas através de boxes de televisão ou plataformas de jogos online;
- Serviços com tarifas não fixas, onde o montante pode mudar sem aviso prévio.
Ao automatizar pagamentos variáveis, corre o risco de perder de vista o impacto que estes têm no seu orçamento, o que pode levar a surpresas desagradáveis no saldo da conta.
Cuidados a ter com o débito direto
Mesmo após decidir o que pagar e não pagar por débito direto, há alguns cuidados adicionais a adotar para garantir que este serviço continua a ser vantajoso e seguro.
- Mantenha a lista de autorizações atualizada
Certifique-se de que cancela as autorizações de débito direto para serviços que já não utiliza. Como diz o ditado, “quem cala consente”, e se não revogar a autorização, o seu banco continuará a permitir que a entidade retire dinheiro da sua conta, mesmo que já tenha deixado de usar o serviço. - Atenção às comissões bancárias
Alguns bancos cobram uma pequena taxa pela gestão de débitos diretos. Verifique se o seu banco tem esta prática e esteja preparado para pagar tanto o montante do débito como a respetiva comissão. Consulte o preçário do banco para evitar surpresas. - Defina limites aos débitos diretos autorizados
Os bancos oferecem a possibilidade de estabelecer limites para os débitos diretos. Pode definir um limite global para todas as autorizações ou impor restrições a determinadas entidades. Esta é uma ferramenta valiosa para evitar que certos pagamentos ultrapassem o valor que tinha previsto ou que sejam cobrados com uma periodicidade superior à esperada. - Rejeite débitos indevidos de forma proativa
Em alguns casos, pode haver um lapso entre o momento em que cancela um serviço e a data em que a entidade suspende efetivamente o débito. Para evitar este problema, pode rejeitar antecipadamente débitos diretos programados, através do homebanking ou diretamente com o seu banco. - Monitorize regularmente a sua conta bancária
A melhor maneira de garantir que o débito direto está a funcionar a seu favor é manter uma monitorização atenta da sua conta. Consulte os extratos com frequência e confirme que todos os débitos correspondem aos valores e prazos acordados. “Se detetar um débito direto indevido, tem até oito semanas para solicitar o reembolso. Se o débito for sem autorização prévia, pode reclamar até 13 meses depois.”
O débito direto pode ser uma ferramenta útil e eficiente para gerir os seus pagamentos, desde que utilizado com critério. Saber o que pagar e não pagar desta forma é essencial para manter o controlo das suas finanças e evitar que se acumulem débitos não previstos. Lembre-se, a conveniência deve sempre ser acompanhada por uma gestão cuidadosa.
A decisão sobre o que pagar por débito direto deve ser ponderada, com o objetivo de garantir que o sistema se torna uma ajuda e não uma fonte de complicações financeiras, como explica o EkonomistaLeia também: 10 moedas de 50 cêntimos de euro valiosas. Tem alguma na carteira?