A Rússia expulsou cinco membros da embaixada portuguesa em Moscovo, avança a SIC Notícias. Estes representantes têm agora 14 dias para sair da Rússia. O corpo diplomático da embaixada portuguesa no país fica agora reduzido a seis elementos, um número que permite que os canais diplomáticos entre os dois países continuem a funcionar.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português já reagiu à decisão russa. “O Governo português repudia a decisão das autoridades russas, que não tem qualquer justificação que não seja a simples retaliação”, pode ler-se em comunicado. “Ao contrário dos funcionários russos expulsos de Portugal, estes funcionários nacionais levavam a cabo atividades estritamente diplomáticas, em absoluta conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”, acrescenta.
Em abril, Portugal juntou-se a outros países europeus e expulsou dez funcionários russos da embaixada em Lisboa, apontando que levariam a cabo “atividades contrárias à segurança nacional”. Segundo António Costa, nenhuma destas pessoas era “diplomata de carreira”. Foi-lhes dado um prazo de duas semanas para abandonar o país.
Esta quarta-feira, Moscovo anunciou a expulsão de cerca de 100 diplomatas e funcionários das embaixadas de França (34), Itália (41) e Espanha (27), que passam a ser consideradas “persona non grata” por Moscovo. Segundo a Reuters, o corpo diplomático francês tem agora duas semanas para sair do país e os diplomatas espanhóis apenas sete dias.
Tal como Portugal, estes três países da União Europeia já tinham decidido expulsar dezenas de diplomatas russos, citando razões de segurança nacional. Na altura, Moscovo perdeu 41 funcionários em Paris e convocou o embaixador francês, Pierre Levy, para lhe dizer que a decisão era “provocativa e sem fundamento”.
A retaliação russa foi “fortemente condenada” pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, garantindo que a decisão “não tem uma justificação legítima”.
O Governo russo disse ainda ao embaixador espanhol na Rússia, Marcos Gomez Martinez, que a decisão de Madrid “iria ter um impacto negativo” nas relações entre os dois países. Agora, Espanha respondeu assim: “As autoridades russas justificam a decisão com uma questão de reciprocidade, dada a expulsão de 27 diplomatas russos em abril. Mas essa expulsão foi tomada com base em razões de segurança, que neste caso não existem.”
No caso da Itália, a reação foi feita pelo primeiro-ministro. Em conferência de imprensa, Mario Draghi condenou este “ato hostil” de Moscovo, mas sublinhou que os canais diplomáticos entre os dois países devem continuar abertos. “É através desses canais que, se possível, a paz [na Ucrânia] será alcançada. É isso que queremos”, disse Draghi.
Na terça-feira, a Rússia expulsou ainda dois funcionários da embaixada da Finlândia. No início de abril, mais de 260 diplomatas russos já tinham sido expulsos por países europeus desde o início da guerra na Ucrânia, segundo uma contagem feita pela AFP.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL