O Sindicato Independente dos Médicos afirma que as respostas das linhas SNS 24 e de Apoio ao Médico ao novo coronavírus têm sido “tardias e muitas vezes inexistentes” e apelou ao Governo para ouvir os médicos que estão no terreno.
Segundo o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, têm chegado ao sindicato relatos de vários médicos a queixarem-se do atraso de horas na resposta da Linha de Apoio ao Médico a situações relacionadas com casos suspeitos de Covid-19, o nome dado à infeção de SARS-CoV-2 (síndrome respiratória aguda grave).
“Preocupa-nos a desorientação que tem grassado em relação a esta matéria que na prática põe na primeira linha da vigilância epidemiológica uma linha telefónica [SNS 24]”, disse hoje à agência Lusa Roque da Cunha.
Ao mesmo tempo, decidem contratar internos do quarto ano de Medicina Geral de Familiar para a Linha de Apoio ao Médico, disse, considerando que “é um erro” contratar médicos sem formação e “muitas vezes sem sequer explicar as suas condições de trabalho”.
No seu entender, deviam ser os médicos de saúde pública a coordenar este trabalho: devem ser criadas as condições para estas linhas de apoio serem asseguradas por “pessoas devidamente formadas com orientações precisas para não aumentarem a confusão”.
Ressalvando que o SIM não quer “criar qualquer tipo de alarmismo” e que já manifestou estas preocupações ao Ministério da Saúde, Roque da Cunha disse a resposta no geral tem sido, “como era de se esperar, muito insuficiente”, como demonstrado na incapacidade da linha Saúde 24 (808 24 24 24).
A este propósito apontou uma estatística de 02 de março, quando foram confirmados os dois primeiros casos, do Portal Transparência em que mais de 30% das chamadas (de um total de 9.113 chamadas) não foram atendidas”.
O dirigente sindical defendeu que, “estando o Serviço Nacional de Saúde nos limites e com um investimento abaixo daquilo que foi inclusivamente no tempo da troika, é necessário em relação a situações de emergência, como aquela que se aproxima, tomar as medidas com tempo e devidamente”.
“Essas medidas devem ser tomadas com tempo, pensadas e coordenadas pelos médicos de saúde pública que neste momento – infelizmente e apesar dos nossos apelos – estão atafulhados com tarefas burocráticas nomeadamente na emissão dos atestados multiusos”, sublinhou.
O apelo do Sindicato Independente dos Médicos é que “o Ministério da Saúde não tenha medo de falar com os médicos que estão no terreno”, na “linha da frente no tratamento”.
“Estamos totalmente disponíveis para colaborar porque nos parece que esta tentativa de fazer propaganda com uma doença, que é uma doença grave, é totalmente errada”, sublinhou.
Advertiu ainda que, neste momento não há nenhum plano de contingência nacional, apesar de se exigir às empresas que os tenham.
“Existem orientações, mas plano de contingência não existe, o que em si não á nada abonatório daquilo que pretendemos de um Governo”, lamentou.
Para Roque da Cunha, é preciso “proteger os médicos para proteger os cidadãos”, advertindo para a “inexistência de meios de proteção no geral”.
“Em muito poucos sítios essas situações estão acauteladas nomeadamente na questão das máscaras, dos tipos de proteção”, sublinhou.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje para oito o número de casos confirmados em Portugal. No total, estão internados em hospitais de Lisboa, Coimbra e Porto sete homens e uma mulher com Covid-19.
O novo coronavírus, que surgiu em Wuhan, na China, no final do ano passado, pode causar infeções respiratórias como a pneumonia e já matou cerca de 3.300 pessoas e infetou mais de 95.000 em 79 países.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.
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