Segui pouco tempo atrás daquela carrinha de caixa aberta. Ainda assim foi tempo mais do que suficiente para assistir, impotente, às graves asneiras do seu condutor. Entrou na estrada com velocidade a mais e, suspeito, sem olhar; ziguezagueou repetidamente tanto até meio da faixa contrária como levantando pó da berma do nosso lado da estrada deixando-me indecisa se estaria concentrado no telemóvel ou completamente bêbado. Entrou numa rotunda a acelerar e, um pouco mais à frente, “encostou” (ocupando mais de metade da nossa faixa). Abrandei ao passá-lo. Abrandei ao ponto de quase parar e inclinei-me levemente para, através da outra janela, conseguir apreciar bem as boçais ventas do animal.
Quando estacionei procurei o número da GNR, com a matrícula bem fresca na memória.
“Não sejas parva, Ana, de que serve?” e não, não liguei.
O cuidado na condução não é um mero dever de boa educação e civismo. É um imperativo legal que, a não ser seguido, pode ceifar vidas e transformar pessoas comuns em criminosos, em monstruosos assassinos!
Devemos manter em mente que, embora os veículos motorizados sejam inegáveis fontes de utilidade e prazer, são também armas. Armas mortais, estropiantes; medonhas se mal conduzidas.
É por isso que sei que chegará o dia em que todas as viaturas virão equipadas com câmaras que filmarão constantemente e cujas filmagens dos últimos minutos poderão ser enviadas, com a simplicidade do mero toque num botão, para as autoridades mais próximas que poderão agir com efeitos imediatos.
Se não posso viver numa sociedade em que o cuidado rodoviário é uma opção absoluta e constante, então ficarei muito feliz por circular em estradas onde se guie bem pelo receio da constante vigilância e infalíveis consequências!
Que assim seja. E em breve!