O panorama geral no Algarve não é muito diferente do resto do país no que toca a óbitos provocados pelos diversos cancros que podem afectar as pessoas. 24% das mortes registadas no Algarve são devidas a tumores malignos, um pouco abaixo dos 24,3% de que a doença é responsável no quadro do país.
Os últimos números do Instituto Nacional de Estatística, relativos a 2013, mostram que em 27,8% dos homens e em 20% das mulheres algarvias a causa de morte esteve associada a doença oncológica, enquanto para os mesmos universos os números nacionais revelam valores de 28,5% e 19,9%. O mesmo é dizer que na região, os homens morrem um pouco menos de cancro do que no país e as mulheres ligeiramente mais.
O Algarve, que representa 4,9% da população residente total do país (443.374 habitantes face a um universo de 8.889.392), representa a nível nacional 4,4% dos casos de morte associados a cancro, uma diferença pouco significativa.
Os números absolutos das mortes por cancro
O INE evidencia 1.148 óbitos por cancro em 2013 no Algarve, com as mulheres a somarem 461 vítimas e os homens 687. Este é o retrato em números absolutos do flagelo da doença na região, mas no país 25.860 pessoas faleceram da mesma causa, dos quais 15.428 foram homens e 10.432 mulheres.
A idade, o cancro e os anos de vida perdidos
Já a idade média dos doentes que perderam a batalha contra os tumores malignos fixou-se nos 71,9 anos no Algarve, idade um pouco mais baixa do que a média nacional que se fixou nos 72,5 anos.
Sucumbiram ao cancro na região, uma vez mais no ano de 2013, 322 pessoas com menos de 65 anos e 827 com idade igual ou superior a 65 anos, com o país no todo nacional a ter também mais mortes por doença oncológica acima dos 65 anos de idade. Na região, os idosos representam 73% das mortes associadas ao cancro, enquanto no país o valor é superior, 73,1%.
O INE revela que, face à esperança média de vida, no Algarve e só durante 2013, se perderam 5.190 anos de vida com as mortes prematuras devidas a cancro, já no país a doença roubou 112.653 anos de vida aos portugueses.
Os cancros que mais matam no Algarve
Na região, os cancros que mais mortes causaram em 2013, de acordo com o INE, foram os do cólon (intestino), recto e ânus, com 194 óbitos, seguidos de perto pelo grupo de tumores malignos da traqueia, brônquios e pulmão, que vitimaram 191 pessoas.
No fim da lista estão o linfoma de Hodgkin, com apenas uma vítima neste ano e o melanoma maligno da pele com nove vítimas.
Nos homens, os cancros que mais vitimam no Algarve são os do grupo da traqueia, brônquios e pulmão (152) e os do grupo do cólon, recto e ânus (124), com o cancro da próstata a representar apenas 52 óbitos. Já nas mulheres o cancro da mama representa 84 óbitos e é o mais mortal, seguido de perto pelos tumores malignos do grupo do cólon, recto e ânus (70).
Em termos comparativos com o resto do país, o Algarve representa nos casos mais negros 6,3% dos óbitos por cancro do colo do útero, 6% das mortes por cancro do ovário e 5,7% dos cancros da bexiga. O peso da região no todo nacional é menor no caso do Linfoma de Hodgkin (2,4%), e nos cancros da próstata (3%) e do estômago (3,4%).
A evolução da prevalência de cancro
No que respeita à incidência de cancro a nível nacional, a Direcção-Geral de Saúde (DGS) acompanha a Organização Mundial de Saúde no quadro pouco favorável que desenha. No relatório sobre doenças oncológicas de 2014 a DGS estima em 2015, cerca de 48 mil casos, e projecta em 2030, cerca de 55 mil casos de cancro.
Apesar de não haver análise do quadro futuro de incidência de cancro para o Algarve, a supor que a região terá uma incidência próxima do seu peso na população residente nacional, à semelhança do que tem em termos de mortalidade, o retrato fixa a incidência de cancro no Algarve previsivelmente em cerca de dois mil casos em 2015 e 2.400 casos em 2030.
Valores que não deixam dúvidas quanto ao peso real do flagelo do cancro no quadro regional e no que isso implica em perda de vidas, incapacidades e sofrimento e os impactos que a doença tem e terá em custos de saúde, custos económicos e encargos sociais.
O grande desafio do Algarve enquanto comunidade é o mesmo que se coloca a todos os povos do mundo nesta matéria. Prevenir é a palavra de ordem e significa bem mais do que rastrear incansavelmente a população, passa por uma aposta reforçada nos cuidados de saúde primários e acima de tudo por uma profunda mudança de hábitos em favor de comportamentos mais saudáveis e menos propiciadores do desenvolvimento do tão temido cancro.
+ Sobre este tema lei também “Alunas da UAlg levam luta contra o cancro para a rua” (VER)
A doença em números:
Peso das mortes por cancro face a outras causas*:
PT: 24,3%
ALG: 24%
Homens:
PT: 28,5%
ALG: 27,8%
Mulheres:
PT: 19,9%
ALG: 20%
Mortes por cancro*:
PT: 25.860
ALG: 1.148
Homens:
PT: 15.428
ALG: 687
Mulheres:
PT: 10.432
ALG: 461
Idade média das vítimas*:
PT: 72,5 anos
ALG: 71,9 anos
Homens:
PT: 71,6 anos
ALG: 71,4 ano
Mulheres:
PT: 73,7 anos
ALG: 72,8 anos
Mortes por tipo de cancro no Algarve*:
Cólon (intestinos), recto e ânus – 194
Traqueia, brônquios e pulmão – 191
Mama – 84
Estômago – 76
Bexiga – 53
Próstata – 52
Vias biliares e fígado – 46
Pâncreas – 45
Leucemia – 32
Ovário – 23
Colo do útero – 13
Melanoma (pele) – 9
* Fonte INE; últimos dados disponíveis, relativos a 2013.