A requalificação do antigo bairro de pescadores de Quarteira é uma obra marcante no concelho de Loulé, por ligar Quarteira a Vilamoura e esbater a ideia de zonas de turismo de primeira e de segunda.
O bairro dos pescadores, agora baptizado de “Passeio das Dunas”, era uma “zona tampão que isolava Vilamoura de Quarteira”, conta o presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo, sublinhando que Vilamoura e Quarteira são um único contínuo urbano da mesma freguesia.
Os trabalhos, iniciados em 2014, implicaram um investimento na ordem dos 3 milhões de euros que permitiram fazer o reforço da área dunar, criar espaços verdes, espaços de circulação pedonal e de bicicletas, de lazer e estacionamento numa área de 17,7 hectares à beira-mar.
“Hoje, Quarteira não tem nada a ver com a imagem que o país teve desta cidade aqui há uns 15 ou 20 anos”, comenta Vítor Aleixo, observando que “já hoje pode, de certa maneira, colocar-se ao lado de Vilamoura sem receios de comparações”.
Nascida em Quarteira, há 70 anos, Luísa Pontes conta à Lusa as diferentes fases que aquela freguesia viveu nos últimos 50 anos, desde a passagem da vila piscatória para destino turístico e da transformação de explorações agrícolas na Marina de Vilamoura e sua envolvente.
A construção da Marina de Vilamoura trouxe uma vaga de trabalhadores para Quarteira a que se seguiu a chegada dos “retornados” do Ultramar, aparecendo de seguida o bairro dos pescadores, onde surgiram problemas sociais e de salubridade, recorda a professora aposentada.
A então vila de Quarteira foi ainda arrebatada pelo turismo e pela construção desregrada que, ainda hoje, marcam aquela cidade do litoral algarvio, que ganhou reputação de local de férias para o turismo de massas, enquanto Vilamoura arrecadou fama de destino turístico de luxo.
“Não gosto de dizer que é [turismo] de primeira e de segunda. São diferentes. São nichos completamente diferentes de mercado e os dois são importantes”, observa o presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, Telmo Pinto.
Quanto à construção maciça de prédios que descaracterizou a vila piscatória e quase erradicou as suas tradicionais casas térreas, Telmo Pinto diz tratar-se de “uma das gafes que encontramos na nossa freguesia” que é “impactante visualmente”.
Uma vez que o que já está construído não pode ser alterado ou demolido, a aposta autárquica tem passado por uma estratégia de requalificação do espaço público, prossegue.
A construção da Avenida Sá Carneiro/Mota Pinto e do “Calçadão de Quarteira” à beira-mar foram passos determinantes nesta estratégia de requalificação que agora chegou à antiga “fronteira” entre Quarteira e Vilamoura: o Passeio das Dunas.
“É um passeio que liga Quarteira a Vilamoura, porque isto afinal é muito próximo. As pessoas nem se apercebem que estão a fazer a transição”, comenta Luísa Pontes dando nota positiva à requalificação do Passeio das Dunas já realizada e às já projectadas naquela zona da cidade, onde funciona ainda o mercado do peixe e da fruta.
Vitor Aleixo assegura que o trabalho não está terminado e que a autarquia vai continuar a investir tanto em Quarteira como em Vilamoura, para dar qualidade de vida aos residentes e afirmá-las como destino turístico de excelência.
(Agência Lusa)