O valor apontado para a requalificação do Porto de Faro, pelo consórcio de empresas de arquitectura e engenharia criado para pensar uma solução urbanística para aquela zona, é de 170 milhões de euros a preços de construção.
“Trata-se de um número meramente indicativo calculado com base no valor de referência do metro quadrado construído”, esclareceu Pedro Vaz o arquitecto responsável pelo projecto, mas não deixa de ser o único valor de referência para a solução preconizada.
O valor foi avançado ontem aos jornalistas durante a apresentação do projecto ‘Farformosa’ criado para a requalificação de toda a área do Porto de Faro, propriedade da Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS), uma solução urbanística criada pelo consórcio de empresas de engenharia, arquitectura e consultadoria de projectos que inclui a CPZ – Projectos e Consultadoria e a Consulmar.
Um projecto assente numa ideia de Adelino Canário para o crescimento do CCMAR
Durante a apresentação daquele que se afigura como o projecto chave para a cidade de Faro para no mínimo a próxima década, a Câmara de Faro – que organizou a conferência de imprensa e a apresentação pública que se lhe seguiu – deu o protagonismo da qualidade de “pai espiritual” do projecto a Adelino Canário, director do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve.
“O projecto nasce de algumas conversas informais inicialmente mantidas com o professor Adelino Canário e que lhe dão origem como forma de associar o desenvolvimento do CCMAR à requalificação do espaço do Porto de Faro”, assumiu Rogério Bacalhau, presidente da autarquia, sublinhando que “a Câmara apadrinhou desde logo a ideia e participou naquilo que foi o desenvolvimento do conceito inicial ao longo de alguns meses de trabalho”.
Para Adelino Canário, também presente na sessão, “o CCMAR precisa de crescer e consolidar-se do ponto de vista das infra-estruturas e equipamentos, nomeadamente, com a substituição da estação do Ramalhete – área de trabalho técnico actual do CCMAR junto à Ria Formosa – por um equipamento de nível internacional com condições e localização mais adequadas ao trabalho que desenvolve”.
O director do CCMAR – uma instituição de referência na Universidade do Algarve e com trabalho desenvolvido e reconhecido no país, na Europa e no mundo – revelou ainda que a dotação de Faro de um aquário público gerido pelo CCMAR no âmbito do seu trabalho e da reserva natural da Ria Formosa é outro dos pressupostos do projecto desde o início.
Unir Universidade, empreendedorismo e turismo num projecto revolucionário
A proposta passa por na área a intervencionar pelo projecto criar aquilo a que Adelino Canário chama “uma nova centralidade para a cidade” unindo na zona do Porto de Faro através da sua requalificação um campus universitário especializado na área das ciências do mar, uma incubadora de empresas ligadas ao mar e uma vasta oferta turística tendo como eixo da intervenção a criação de uma marina (ver peça).
As características únicas do projecto apresentado tornam as palavras do responsável do CCMAR verdadeiramente humildes. É que criado o projecto – o que certamente levará ainda anos – tal como foi apresentado a criação de uma nova centralidade não seria para a cidade de Faro, mas antes para a região e para o país, tal a magnitude da intervenção.
Portugal, o Algarve e Faro ficariam dotados de uma infra-estrutura de ciência ligada à área do mar de nível internacional a rivalizar com o que de melhor existe no mundo nesta área.
Os equipamento âncora de um projecto único
Para a criação deste projecto verdadeiramente único a visão dos consultores, liderados pelo arquitecto Pedro Vaz, uniu alguns equipamento âncora de forma a criar um conjunto de sinergias capazes de garantir a sua viabilidade.
Assim um aquário público (ao género do oceanário), um centro de investigação destinado ao trabalho do CCMAR e um centro de congressos de dimensão assinalável são a par do eixo do projecto, a marina com 440 lugares, os equipamentos âncora da ideia preconizada.
O que se pretende construir no Porto de Faro
Para a totalidade do projecto prevêem-se várias unidades hoteleiras, uma unidade de residências assistidas apoiada por um centro de dia, áreas destinadas à actividade comercial e de similares de hotelaria de dimensões assinaláveis, edifícios destinados ao campus universitário e à incubação de empresas e infra-estruturas de apoio à marina e à reparação naval de pequena dimensão.
Tudo num enquadramento de construção definida pelo responsável do projecto como de “baixa densidade, em geral até ao terceiro andar”.
O financiamento
Sempre no centro de projectos desta magnitude o financiamento “não tem ainda um modelo definido” esclareceu Rogério Bacalhau, mas o autarca adiantou ao POSTAL que “toda a solução foi pensada de forma a permitir que o investimento privado possa no quadro de um acordo global para o projecto financiar os equipamentos públicos nele incluídos retirando assim o ónus do investimento aos cofres públicos”.
Na apresentação do projecto que encheu quase por completo a Biblioteca Municipal de Faro, a autarquia avançou a criação directa de “1.500 postos de trabalho” resultantes do projecto quando em velocidade cruzeiro.
Um projecto que envolve várias entidades e com vários impactos na cidade e na região
O projecto que o POSTAL vai analisar em detalhe ao longo de várias notícias, começando desde logo pelo eixo central do mesmo – a marina –, envolve um número assinalável de entidades públicas a começar pela Câmara de Faro, concelho onde se prevê a implantação; a APS, proprietária dos terrenos, as tutelas do Governo – nomeadamente os Ministérios do Ambiente, do Mar, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, da Economia e do Planeamento e das Infraestruturas – a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, a Agência Portuguesa do Ambiente e o Parque Natural da Ria Formosa, só para assinalar algumas.
A sua dimensão física, 18 hectares, e mais do que isso a sua dimensão na área dos impactos na cidade de Faro e no Algarve como mesmo no país, justificam a análise detalhada da proposta que associada à sua importância tem, desde logo, o peso acrescido de cruzar no seu horizonte temporal de implantação vários executivos camarários em Faro e mesmo vários Governos e legislaturas.
Sobre este projecto ver ainda:
Projecto de marina dota Faro de 440 lugares para barcos de todos os tamanhos