As praias fluviais em Portugal com bandeira azul passaram, entre 2006 e 2016, de três a 22, com o investimento autárquico em infraestruturas e no tratamento de águas a garantir um aumento substancial das praias distinguidas.
A bandeira azul é atribuída desde 1987, mas só em 1998 uma praia fluvial recebeu a bandeira azul: a Praia do Arnado, em Ponte de Lima. A experiência foi curta, já que, logo no ano seguinte, esta praia do distrito de Viana do Castelo não repetiu a experiência e só em 2003 outra praia fluvial recebeu a distinção – Pego Fundo, em Alcoutim, distrito de Faro.
No ano seguinte, houve novamente apenas uma praia fluvial, a de Fraga da Pegada, em Macedo de Cavaleiros, a receber a bandeira azul, mantendo-a até aos dias de hoje.
Desde então que outras praias fluviais se juntaram à de Fraga da Pegada na classificação atribuída pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE).
Em 2006, foram três (Arouca, Macedo de Cavaleiros e Figueiró dos Vinhos) e o número de praias foi sempre aumentando até 2016, com decréscimos pontuais em alguns anos, segundo dados que a ABAE facultou à agência Lusa.
Os maiores aumentos registados aconteceram de 2011 para 2012, em que duplicaram de sete para 14 distinções, e de 2015 para 2016, em que passaram de 16 a 22 praias galardoadas.
Segundo a coordenadora nacional do programa, Catarina Gonçalves, as praias do interior tinham no passado “dificuldade em ter qualidade de água excelente”.
Tal mudou, quando surgiu investimento “nos tratamentos de águas e nas limpezas dos rios e ribeiros”, explanou, considerando que, com o aumento da qualidade da água, surgiu também “mais investimento dos municípios relativamente às estruturas das praias”, de forma a darem resposta “à pressão populacional” sentida no verão.
No entanto, as praias da região Norte e Algarve têm “uma maior dificuldade em manter a classificação”, face a uma “maior pressão da poluição à volta”, assim como as praias que se servem de cursos de água que nascem em Espanha (Tejo e Guadiana, nomeadamente), disse à agência Lusa Catarina Gonçalves.
Hoje, são 22 as praias distinguidas, com a maioria a localizar-se na região Centro, com 17 praias fluviais galardoadas com a bandeira azul – atribuição conquistada, na maioria dos casos, desde 2014 até ao presente ano.
O foco no Centro, sublinha Catarina Gonçalves, deve-se a um investimento “muito grande” em estações de tratamentos de água, ajudando à equação o facto de os rios destas praias nascerem em Portugal, facilitando o seu controlo.
Para além disso, há também “um efeito dominó”, constata. “A partir do momento em que uma praia tenha uma bandeira azul, os municípios vizinhos” começam também a investir e a dotar as suas praias de melhores condições, com o galardão no horizonte.
Tal é notório no domínio do distrito de Coimbra. Começou com uma praia em Penela em 2007 e hoje apresenta 11 praias fluviais distinguidas (Pampilhosa da Serra com quatro e Góis com duas são os concelhos mais galardoados da região).
Na restante região, há duas no distrito da Guarda, outras duas em Santarém, uma em Castelo Branco e outra em Aveiro.
O Norte tem quatro praias fluviais galardoadas (três em Bragança e uma em Braga) e o Alentejo apresenta uma, em Mértola, distrito de Beja.
É na região mais distinguida pela classificação da ABAE que se vai realizar a cerimónia do 1.º hastear da bandeira azul 2016 em praia fluvial, na sexta-feira.
A iniciativa, que começa às 11 horas, decorre na praia Peneda-Pego Escuro, em Góis, contando com a presença da presidente da Câmara, Lurdes Castanheira, e do presidente da ABAE, José Archer.
(Agência Lusa)