O Governo considerou esta quarta-feira que está a proceder a uma revisão em alta Das estimativas de crescimento até 2022 e manifestou-se “otimista” de que Portugal regressará aos níveis de riqueza pré-pandemia de covid-19 no próximo ano.
Esta posição foi transmitida aos jornalistas pelo secretário de Estado da Administração Fiscal, António Mendes, após o executivo ter recebido os partidos com representação parlamentar sobre as linhas gerais da proposta de Orçamento do Estado para 2022.
Vários partidos referiram que o executivo antecipa para este ano um crescimento de 4,6% e de 5,5% em 2022, mas António Mendes apenas adiantou que as projeções de crescimento do deste ano e do próximo “estarão claramente acima” do que estava previsto no programa de estabilidade.
“Os números em que estamos a trabalhar estão claramente acima daquilo que estava projetado o programa de estabilidade. Recordo que hoje o Banco de Portugal falou de um crescimento de 4,8% para este ano – e nós estamos ainda a afinar o valor final. Mas o crescimento ficará muito acima dos 4% previstos. Ficará, ainda, acima dos 5% previstos para 2022”, disse.
De acordo com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, “no conjunto agregado dos dois anos, 2021 e 2022, Portugal terá a capacidade de regressar aos níveis de riqueza pré-pandemia”.
“E isso é uma boa notícia para os portugueses. A política económica e orçamental do Governo permitiu-nos conduzir a um Orçamento do Estado para 2022 que, ao contrário de outras situações, permite fazer escolhas sobre a dimensão e a incidência do aumento do rendimento das famílias”, sustentou.
Perante os jornalistas, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais disse também que a taxa de desemprego “encontra-se já abaixo dos 7%, muito melhor do que constava em todas as previsões, incluindo o programa de estabilidade”.
“A taxa de desemprego será continuamente desagravada ao longo de 2022. Isto significa que o país tem possibilidades de fazer escolhas e o Orçamento é um exercício de escolhas. Felizmente, conduzimos uma política económica e orçamental de maneira que o país possa fazer escolhas”, sustentou.
Interrogado se o Governo tem agora margem para responder às exigências de maior despesa de partidos como o PCP e o Bloco de Esquerda, António Mendes voltou a referir-se à importância de o país “não dar um passo maior do que a perna” e advogou que o rigor de anos anteriores possibilitou a resposta à crise pandémica provocada pela covid-19.
O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais alegou que, para o próximo ano, “haverá muita atenção à política de rendimentos, seja do ponto de vista da política fiscal, seja do ponto de vista prestacional”.
“Temos uma grande prioridade na classe média, em particular nas famílias mais jovens com filhos. Temos, também, uma prioridade na recuperação do investimento, quer público, quer provado, alicerçado, seguramente, no Plano de Recuperação e Resiliência, mas, igualmente, na vertente fiscal. Um investimento que permita ao país aproveitar este envelope financeiro para ultrapassar os seus problemas estruturais”, acrescentou.
Neste contexto, o secretário de Estado adiantou que o Governo “está bastante otimista com a apresentação da sua proposta de Orçamento do Estado para 2022, porque é boa para o país e, por isso, será seguramente uma proposta em que a generalidade dos portugueses não terá dificuldade em se identificar”.