A Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) alertou hoje os pilotos para a necessidade de voarem, no sábado, “com cuidado especial” devido à largada de 70 mil pombos-correio de columbófilos portugueses, de Valência, Espanha, com destino a Portugal.
“Os operadores de aeronaves (pilotos) são aconselhados a usar de cuidado especial quando voarem abaixo dos 2. mil pés (cerca de 610 metros) devido a possível actividade anormal de pombos (bandos de 5 a 20) sobre Portugal Continental”, refere a ANAC, numa informação escrita enviada hoje à agência Lusa.
A decisão de emitir este ‘Notam’ (documento utilizado para a divulgação de informação aeronáutica) surge após o regulador tomar conhecimento da notícia da realização desta prova e das questões levantadas quanto aos riscos que a mesma poderia acarretar para a aviação, e depois de a ANAC consultar a Federação Portuguesa de Columbofilia.
O ‘Notam’ será válido entre as 11 horas de sábado e as 9 de domingo, no espaço aéreo de Portugal Continental.
O alerta também se aplica para a região do Algarve, uma vez que, existem associações columbófilas regionais a participar neste evento desportivo, nomeadamente, a de Faro.
Perigo, real ou não?
Uma das entidades do sector aeronáutico que criticou e alertou para os perigos da realização de um evento desta natureza – 70 mil pombos largados de uma só vez num único local – foi o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA).
“No âmbito da responsabilidade que cabe ao GPIAA na prevenção dos acidentes aéreos, considero que esta ação compromete a segurança aérea em todo o território nacional”, disse à agência Lusa o director deste organismo.
Para Álvaro Neves, um evento como este “jamais deveria ter sido autorizado, sem coordenação e levantamento dos potenciais riscos que estas aves podem provocar nos corredores aéreos das aeronaves civis, bem como nas vizinhanças dos aeródromos nacionais, com as autoridades responsáveis da aviação civil”.
Opinião contrária tem o presidente da Federação Portuguesa de Columbofilia (FPC), para quem esta prova de fundo não representa riscos para a aviação.
“Os pombos, logo após a sua largada começam a escolher as rotas que os conduzem de forma mais direta aos seus pombais de origem, pelo que se registam inúmeros fracionamentos do bando original. Os fracionamentos são cada vez maiores à medida que a distância percorrida aumenta, sendo possível admitir que à entrada do território nacional os pombos praticamente já não voam em bando, passando a ser um desafio individual até à chegada dos seus pombais”, explicou à Lusa José Luís Jacinto.
O presidente da FPC salientou, ainda, que o calendário de provas é sujeito à aprovação de várias entidades nacionais e espanholas, nomeadamente do Instituto Português do Desporto e Juventude e, em Espanha, da Real Federação Columbófila.
Os pombos em competição irão percorrer uma distância que poderá variar entre os 550 e os 800 quilómetros, até ao “regresso a casa”, segundo dados da FPC.
(com Agência Lusa)