As eleições autárquicas aproximam-se, o calor aumenta e este ano as eleições são quase na época alta, ou seja, realizam-se cinco dias depois de terminar o Verão (26/09/2021).
Fazer campanha eleitoral em contexto de pandemia e de máscara dificulta a comunicação, tanto mais que fazem parte destas campanhas: a proximidade, os apertos de mão, os beijinhos, os abraços e agora surgem novos desafios a vários níveis.
O desafio de honrar o direito ao voto de forma a acabar com a abstenção é grande, tanto mais em clima de Verão e de pandemia. A votação electrónica é prática, reduz custos e para além de ser mais higiénica poderá ajudar a diminuir a abstenção.
É importante educar para a cidadania, aprofundando a democracia para que a sociedade civil seja mais participativa e não desvalorize os momentos eleitorais.
As autárquicas protagonizam a política local, sendo indispensável haver consciência do território, da necessidade de melhoria das condições de vida das populações e da criação ou reformulação de infra-estruturas que dêem suporte às actividades a concretizar.
Os cidadãos hoje em dia dispõem de muita informação, tal como os governantes e nada passa despercebido. Os políticos têm de estar muito bem apetrechados de informação, estar em cima dos acontecimentos, e claro, têm de estar rodeados das pessoas certas.
A comunicação é uma ferramenta crucial na política e a forma de comunicar tem um papel fundamental na manutenção da confiança. Para que sejam eficazes, tanto as políticas como a comunicação têm de ser confiáveis, porque resgatar a confiança perdida não é fácil.
Com a proliferação das redes sociais, cada vez mais pessoas expressam os seus pontos de vista sobre as políticas públicas, o que aumenta a expectativa de mais transparência e prestação de contas.
No entanto as redes sociais não devem substituir a comunicação oficial das autarquias sob pena da sua menorização e até de alguma banalização com comentários.
Liderança comunicante
Nos próximos tempos, a concretização das mudanças necessárias na economia e sociedade portuguesas passa, de forma determinada, pela capacidade de as autarquias e dos seus autarcas assumirem um papel de agentes de mudança e geradores de riqueza e bem-estar para as suas autarquias, sem se fechar em redomas, mas procurando interagir com os municípios vizinhos.
Uma comunicação assertiva é algo que se exige cada vez mais, pois um(a) presidente é a imagem do município e há que ter uma liderança comunicante e uma cultura geral que lhe dê segurança e capacidade de improvisação.
Todos nós já assistimos a gaffes cometidas por políticos e muitas delas seriam evitáveis se tivesse havido mais formação, nomeadamente durante o tempo de pré-candidatura. Considero importante um “banho” de cultura geral com resumo das principais teorias político-filosóficas, autores, acontecimentos nacionais e internacionais e revisão de conceitos base de ciência política, tal como de palavras a evitar e técnicas eficazes de comunicação.
Eu própria tive uma formação, ainda no presencial, durante vários meses, para futuros líderes políticos, mesmo sem me ir candidatar a nenhum lugar, mas para estar preparada para quase tudo e poder ajudar outras pessoas que também considerem a política importante.
Ouve-se habitualmente falar mal dos políticos e da política, mas ela é o melhor lugar para concretizar o bem comum e tornar o mundo melhor.
Cada vez mais, os cidadãos exigem dos políticos que os representam soluções objectivas que sirvam a comunidade e não caiam em promessas vãs de quem procura apenas a sobrevivência política sem amor pela causa pública.
A política é grande ou não consoante a forma como os seus protagonistas se sintonizam com a realidade social do seu espaço e do seu tempo.
* A autora não escreve segundo o acordo ortográfico