É muita pressão sobre nós!
Os padrões andam elevadíssimos e, nestas andanças virtuais, estamos constantemente a levar com vídeos de como se fazem os bolos mais perfeitos e os penteados mais imaculados do mundo. A toda a hora surgem tutoriais sobre como conseguir a derradeira maquilhagem e unhas de tal maneira artísticas que deviam estar em exposição no Louvre. Temos dicas para a organização perfeita, para o casamento perfeito, para o trabalho perfeito, para a amizade perfeita e para criar os filhos perfeitos; temos a lista dos 50 locais imperdíveis, a visitar pelo menos uma vez na vida; e milhares e milhares de fotografias absolutamente brilhantes, capazes não só de nos tornar invejosos como de fazer corar de inveja os mais experientes fotógrafos.
Vivemos, portanto, num mundo virtualmente perfeito, o que, se visto como lúdico passatempo até pode ser agradável mas, se encarado como padrão comparativo, pode causar o stress de nos exigir desproporcionais esforços.
É só uma opinião, claro, mas gosto de pensar que, em grande parte, é a soma de todas as nossas imperfeições que nos torna mais perfeitos, porque originais e genuínos. Sei que nunca farei o bolo imaculado, o penteado sublime ou a maquilhagem de estrela; sei que invariavelmente as minhas unhas terão um restinho rebelde de verniz pintado em algum dos dedos e que os jantares que dou na minha casa, por mais que me esforce, nunca terão a decoração e aspecto dos que aparecem nessa realidade paralela de perfeição absoluta…
Mas não me importo nada com isso por uma simples razão: o que nos deve importar é apenas a capacidade de experimentar, errar, aprender, melhorar e curtir plenamente o processo; sermos nós em crescimento, expansão e plena aceitação de todas as nossas deliciosas e idiossincráticas imperfeições.