Faleceu hoje o médico Santos Pereira, ‘pai’ da Associação Oncológica do Algarve, e um dos mais conceituados médicos da região.
Vítima de um problema cardíaco, o médico de origem angolana radicado desde a 1979 em Faro é um nome incontornável da medicina na cidade e no Algarve e liderou até hoje a Associação Oncológica do Algarve que criou em 1994.
Galardoado em 2012 com a Medalha Grau Ouro pelo Ministério da Saúde, atribuída no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Saúde, Santos Pereira viu então valorizado o trabalho de uma vida, com o Estado Português a reconhecer-lhe “a importância do trabalho desenvolvido, ao longo da sua vida profissional, em prol do Serviço Nacional da Saúde, pelas suas excepcionais qualidades humanas, altruísmo e ética, atestadas por aqueles com quem partilhou a sua vida profissional”.
Número incontável de vidas foram salvas pelo seu trabalho
O clínico é reconhecidamente o responsável pela sobrevivência de um número incontável de mulheres que padeceram ao longos das últimas décadas de cancro da mama.
É que é à sua acção que se deve a criação de uma verdadeira consciência para o cancro da mama e de um sistema capaz de detectar e diagnosticar em tempo útil grande parte dos casos desta patologia, que até à década de 90 do século passado se encontrava muito subdiagnosticada no Algarve.
Falar de rastreio do cancro da mama de forma persistente, racionalizada e efectiva no Algarve obriga necessariamente a falar de Santos Pereira e a este trabalho de valor incontornável se deve a sobrevivência de um sem fim de mulheres que passaram assim ao lado de uma morte anunciada mantendo-se vivas, produtivas e parte integrante da sociedade algarvia, com tudo o que isso implica para as próprias para as respectivas famílias e para a sociedade em geral.
Morre aos 80 anos o nome maior do combate ao cancro no Algarve
Fundador da Associação Oncológica do Algarve, o trabalho de Santos Pereira, que faleceu hoje aos 80 anos de idade, dotou ainda a região da primeira máquina de radioterapia para combate ao cancro, em 2006, um equipamento que fez desde então toda a diferença na região permitindo aos doentes oncológicos serem submetidos a tratamentos de radiação em Faro e evitando aos mesmos e aos familiares o ‘calvário’ dos tratamentos em Lisboa no IPO (Instituto Português de Oncologia).
Mesmo depois da triste notícia de hoje, o trabalho de Santos Pereira em prol dos doentes vítimas de cancro perdura e perdurará na região, numa ligação de mérito indissociável do homem e do médico, desde logo porque em breve uma segunda unidade de radioterapia entrará em funcionamento na região fruto, uma vez mais, do esforço do ilustre clínico e da Associação Oncológica do Algarve.
A segunda unidade de radioterapia foi instalada no passado mês de Janeiro e encontra-se em fase de testes para entrar em funcionamento pleno a muito curto trecho permitindo assim melhorar de forma substancial o acesso dos doentes a este tipo de tratamentos na região.
Entretanto, a unidade móvel de rastreio do cancro da mama do Algarve continua anualmente a viajar entre os 16 concelhos do Algarve levando aos algarvios a esperança de uma detecção precoce do cancro da mama e de uma possibilidade de cura para um flagelo que se tem sob controlo devido ao trabalho de uma vida deste médico de absoluto mérito que hoje nos deixou fisicamente, mas que por valor próprio será sempre uma referência.