Oito em cada dez jovens de 18 anos reconhecem que as crianças e adolescentes correm risco de abuso sexual na internet e mais de metade acreditam que os amigos têm comportamentos arriscados online, revela a Unicef.
Num inquérito realizado junto de 10 mil adolescentes de 18 anos em 25 países em todo o mundo, intitulado “Perigos e possibilidades: Crescer online”, o Fundo das Nações Unidas para as Crianças (Unicef) conclui que mais de 40% dos jovens começou a usar a internet antes dos 13 anos.
“À medida que o acesso à internet se torna mais fácil, a violência contra as crianças ganha novas dimensões, com consequências profundamente perniciosas e que podem alterar vidas”, escreve o director adjunto e responsável pela protecção das crianças na organização, Cornelius Williams, no relatório hoje divulgado.
Recordando que um em cada três utilizadores da internet a nível global é uma criança, o responsável lembrou que, a par das oportunidades que cria, a net tem perigos, e sublinhou que “proteger as crianças do abuso e da exploração é assunto de todos”.
Segundo o inquérito, 53% dos jovens inquiridos concordam firmemente que as crianças e adolescentes correm o risco de serem vítimas de abuso sexual ou de serem usados online, enquanto outros 27% concordam de alguma maneira com essa afirmação.
Além disso, mais de metade (57%) acredita que os amigos participam em comportamentos de risco online.
Apesar da consciência dos riscos, a grande maioria dos adolescentes (88,7%) acredita saber como evitar situações perigosas online e dois terços acreditam que o bullying através da internet não os afectará.
Raparigas mais preocupadas com perspectiva de receber propostas de índole sexual
Seis em cada dez jovens consideram importante ou muito importante conhecer pessoas novas online e dois terços acreditam ser capazes de perceber quando alguém mente sobre a sua identificação na internet.
Questionados sobre a quem recorreriam caso se sentissem ameaçados, os adolescentes escolheram falar com um amigo (54%) ou com os pais (48%) e apenas 19% falariam com um professor.
O estudo identificou uma discrepância entre rapazes e raparigas no valor que dão à privacidade e à segurança, com as raparigas mais preocupadas do que os rapazes com a perspectiva de receber comentários ou propostas de índole sexual pela internet.
Com efeito, mais de dois terços (67%) das raparigas concordam fortemente que ficariam preocupadas se alguém lhes fizesse comentários ou propostas sexuais, enquanto nos rapazes a percentagem desce para 46,7%.
Para melhor proteger as crianças e jovens dos riscos da internet, a Unicef deixa uma série de recomendações, dirigidas aos governos e à indústria, mas também aos pais, professores, escolas e aos próprios jovens.
Ouvir as crianças e adolescentes através de consultas directas ou de investigação e incorporar as suas ideias nas políticas, estratégias e programas que visam combater o abuso sexual online é uma das recomendações da Unicef, que apela aos jovens que se apoiem mutuamente e que denunciem a violência online quando exploram as oportunidades disponíveis na internet.
A organização lança também hoje uma campanha global que visa dar poder aos jovens para combater o abuso online.
A campanha, intitulada #Replyforall (#Responderportodos), apela aos adolescentes que partilhem a sua opinião sobre as melhores formas de responder à violência ou aos riscos e que sensibilizem os seus amigos para este tema através das redes sociais.
(Agência Lusa)