O Observatório Nacional de Envelhecimento (ONE), a inaugurar na segunda-feira em Alte, Loulé, está a trabalhar para produzir os primeiros relatórios até ao final do ano e propor medidas, disse esta sexta-feira à Lusa o porta-voz.
Em declarações à Lusa, Nuno Marques, presidente do Algarve Biomedical Center (ABC) e porta-voz do projeto, adiantou que o Observatório centralizará o trabalho que está a ser feito em parceria por esta instituição académica, pela Nova Medical School e a Universidade do Porto.
Segundo aquele responsável, o Observatório nasce numa altura em que a “temática do envelhecimento da população – em termos europeus e em Portugal – está em cima da mesa para esta década”, sendo o objetivo desta estrutura “avaliar indicadores de várias áreas ao longo do ciclo de vida das pessoas” e perceber qual é o seu “o impacto no envelhecimento da população”.
“Estamos a falar de áreas como a saúde, social, trabalho, habitação, todas com impacto na qualidade de vida das pessoas, porque o que se pretende, cada vez mais, numa sociedade que vai envelhecendo naturalmente, é que as pessoas tenham o máximo de qualidade de vida durante o máximo de tempo”, justificou.
O porta-voz das três instituições académicas parceiras do projeto esclareceu que o “grosso do trabalho” do Observatório passa pela “recolha e análise” de dados, “maximizando as bases de dados existentes, mas olhando para elas de outra forma”.
O objetivo é, depois, “propor algumas medidas políticas e ajudar os decisores a implementar medidas na área do envelhecimento que tenham impacto nos próprios indicadores que o observatório analisa”.
“São bases de dados que já existem, mas que não foram olhadas deste prisma do envelhecimento. E é isso que temos já estado a fazer”, disse, frisando que o ONE acompanhará uma população “de forma longitudinal ao longo dos anos para se ter uma análise mais fina desses indicadores”.
Nuno Marques adiantou que as três instituições têm estado a “definir um plano de ação” para que, “ainda este ano, sejam libertados alguns relatórios de dados e sejam indicadas desde já algumas medidas para serem implementadas”.
O trabalho do ONE vai também “articular-se com outros centros europeus, com os quais também será feita a comparação”.
O porta-voz disse ainda que, para este ano, foi atribuído um “orçamento inicial de cerca de um milhão de euros”, aplicado na “criação de uma estrutura que já está na fase final” que conta com um ‘data centre’, computadores e processadores “adequados para este tipo de informação”, estando prevista a contratação de “recursos humanos diferenciados”.
Nuno Marques frisou que estão em causa “dados sensíveis que têm de ter toda a proteção e têm de ficar alojados de forma completamente segura”, especificando que em Alte, no distrito de Faro, “vão estar a trabalhar oito pessoas de forma diferenciada”.
A mesma fonte destacou ainda a importância de ter “o Ministério do Trabalho e Segurança Social e o Ministério da Saúde completamente alinhados com esta temática”, que classificou como “essencial para o país” em função do cada vez maior envelhecimento populacional que se regista em Portugal.
“Por isso vamos ter a ministra Ana Mendes Godinho [Trabalho e Segurança Social] e o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Sales, na inauguração, na segunda-feira”, concluiu.