Este é um mês com poucos eventos astronómicos, mas com alguns algo significativos, começando pelo quarto crescente de dia 2.
No dia 9 terá lugar a Lua Cheia junto à constelação da Virgem. Uma vez que esta acontece na véspera da Lua atingir o ponto da órbita mais próximo da Terra (o perigeu) ela parecerá ligeiramente maior (pouco acima de 10%) do que é habitual. O nome deste género de efemérides tem um prefixo bem maior que a sua real dimensão: são as famosas superluas.
A ocorrência destas superluas cheias tanto na primavera como no outono podem originar marés maiores que o normal. Mas altura destas marés depende igualmente de outros fatores como a pressão atmosférica.
Uma semana depois (dia 16) chega a vez do quarto minguante. Por esta altura a Lua encontra-se junto à constelação do Serpentário (ou Ofiúco). Esta constelação é atravessada pelo plano da órbita terrestre (a eclíptica), mas apesar disso não faz parte do zodíaco. Tal sucede meramente por uma mera questão de facilidade de cálculos.
Entre as madrugadas de dia 18 e 19 veremos a Lua passar da direita dos planetas Marte e Júpiter para a esquerda de Saturno. Nesta altura do mês esses estros nascerão por volta das quatro horas da madrugada.
Pelas três horas e cinquenta minutos (hora continental) de dia 20 começa a primavera no nosso hemisfério. Tal sucede porque a partir deste instante o Hemisfério Norte passa a estar virado na direção do Sol. Em consequência disso nosso astro-rei passa a ser visto acima do equador celeste, tendo uma posição mais alta no céu no céu que lhe permite iluminar mais esta parte do globo do que o havia feito até agora.
Dia 24 tem lugar a Lua Nova. Nessa madrugada Mercúrio atinge a sua maior elongação (afastamento) a oeste relativamente ao Sol, dando bastante tempo para quem quiser observar este planeta ao final da noite. Nesse mesmo dia Vénus atinge a sua maior elongação para leste, sendo então visível ao anoitecer.
No século XIX surgiu a ideia de, à medida que o Sol nasce mais cedo, adiantar-se os relógios uma hora de modo a aumentar o número de horas de exposição solar (tal efeito é semelhante ao de quem se levanta ao raiar da aurora). Este é o chamado horário de verão. Tal conceito é particularmente útil em países localizados a latitudes intermédias como Portugal. Por sua vez, no caso de países próximos do equador não há variações significativas da duração da note. Em contraponto, em latitudes elevadas os dias/noites podem ser tão grandes que a mudança de hora não faz nenhuma diferença quanto ao tempo de exposição solar.
Em Portugal esta mudança de horário, do tempo universal para tempo universal mais uma hora, ocorre no último domingo de março. Este ano tal calha à uma hora da madrugada (hora continental) de dia 29. A partir desse dia, e até ao último fim de semana de outubro, quem quiser observar as estrelas terá de faze-lo uma hora mais tarde.
Boas observações!
Fernando J. G. Pinheiro
(CITEUC – Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra)
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva