A ilha é só uma, mas na cabeça de quem ali cresceu são três: Culatra, Hangares e Farol. Todas elas têm cais de embarque, mas as carreiras públicas apenas asseguram a ligação marítima entre a cidade de Olhão e os núcleos da Culatra e do Farol. Hangares é deixada para trás, mas é lá que pode encontrar os vestígios que nos remetem para os tempos em que esta pequena aldeia foi um centro de aviação naval.
Refere uma reportagem do Expresso que Hangares é “terra de ninguém”. Ali vive pouca gente e os turistas que embarcam e desembarcam diariamente na Culatra e no Farol muitas vezes não sabem da existência de uma “outra ilha” chamada Hangares. Atualmente, os hóspedes do Real Marina Hotel & SPA, em Olhão, já têm acesso a um barco que os leva até lá.
O arame farpado que se vê desde a Ria Formosa chama a atenção para esta aldeia, mas assim que lá se entra há muito mais para descobrir. Hangares foi um centro de aviação naval destinado à luta anti-submarinos, durante a Primeira Guerra Mundial. Depois, passou para o domínio da Marinha Portuguesa.
Ainda assim, foi só nos últimos tempos de guerra que os franceses descobriram que aquele era o local ideal para construir hangares destinados à aterragem de hidroaviões gauleses que serviam de apoio à luta submarina. O conflito terminou e, ao longo dos anos, a gestão das instalações foi passando de mão em mão.
Em 1960, o Ministério da Marinha chegou inclusivamente a criar naquele espaço um campo de treino de inativação de explosivos e de demolições e foi nessa altura que se construiu o arame farpado que ainda hoje se encontra em Hangares. Nos dias de hoje, o nome Hangares não deixa esquecer o passado daquele pequeno enclave na Culatra ligado à Primeira Grande Guerra, e quem ali vive não deixa esquecer o “Ti” Zé Lobisomem, o primeiro habitante de Hangares.
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