“Marte não é um planeta seco e árido como pensávamos”, disse, em conferência de imprensa, Jim Green, director de ciência planetária da NASA, acrescentando que “foi encontrada água líquida” no ‘planeta vermelho’, “em certas circunstâncias”.
Um estudo, publicado ontem na revista Nature Geoscience, revela que as linhas escuras que aparecem, sazonalmente, na superfície de Marte correspondem a água salobra que flui pelas encostas do planeta.
A conclusão, que apoia a tese da existência de água líquida em Marte, surge da análise de imagens recolhidas do “planeta vermelho” pela sonda da NASA Mars Re+connaissance Orbiter, lançada há dez anos.
Segundo a equipa de investigadores que participou no estudo, há “evidência espectral” de que as linhas, que aparecem em quatro lugares diferentes da superfície de Marte, “confirmam a hipótese” de que se devem à “actividade actual de água salobra”.
Para a NASA, trata-se das “provas mais sólidas” obtidas, até à data, da existência de água líquida em Marte. A água em estado líquido é condição essencial para a formação de vida tal como se conhece.
No estudo, os cientistas afirmam ter encontrado sinais, nas linhas escuras, da presença de sais minerais ‘hidratados’, que necessitam da presença de água para a sua formação.
De acordo com a investigação, os resultados “apoiam fortemente a hipótese de que as linhas contêm água líquida durante as estações quentes de Marte”, incluindo água actual.
As riscas, que podem ter centenas de metros de comprimento e cinco metros de largura, surgem nas encostas durante as estações quentes e aumentam até desaparecerem quando as temperaturas caem.
Cientistas da NASA já tinham determinado que Marte teve, há 4,5 mil milhões de anos, um oceano que ocupou 19 por cento do planeta e que poderia esconder, sob a sua superfície, um depósito de água ou de gelo.
(Agência Lusa)