O Museu Municipal de Olhão – Edifício do Compromisso Marítimo apresenta, desde hoje, mais dois quadros na sua coleção permanente. As obras “Hibernia” e “Veleiro” no Tejo foram cedidas pelo Novo Banco, tendo sido esta manhã assinado pelos presidentes do Município de Olhão, António Miguel Pina, e do Novo Banco, António Ramalho, o protocolo que formaliza essa entrega àquele espaço de cultura olhanense.
A integração no Museu Municipal de Olhão destas duas pinturas de Thomas Buttersworth concretiza-se no âmbito do projeto Novo Banco Cultura, que consiste em partilhar com o público o seu património artístico e cultural, através de parcerias com museus, contribuindo com obras que sejam uma mais valia nos seus circuitos expositivos.
O presidente do Município de Olhão, António Miguel Pina, agradeceu “a cedência destas duas pinturas marítimas a um concelho fortemente ligado ao mar” e recordou a saga dos pescadores olhanenses que, em 1808, rumaram ao Brasil num pequeno barco, o Caíque Bom Sucesso, para dar a boa nova ao Rei: os invasores franceses tinham sido expulsos! “Estas obras engrandecem o nosso Museu e o nosso concelho, pelo que agradecemos a sua entrega”, referiu António Miguel Pina.
“Não tivemos dúvidas de que estas obras faziam sentido aqui em Olhão”, destacou o presidente do Novo Banco, já que “fazem a homenagem ao mar e são do tempo da invasão napoleónica, sendo Olhão fortemente marcado por essa revolta contra as tropas napoleónicas. Um destes barcos aqui retratados fez mesmo parte dos que protegeram a saída apressada da corte portuguesa para o Brasil”, referiu António Ramalho.
Também a diretora regional da Cultura, Adriana Nogueira, que serviu de intermediária entre o Município e o Novo Banco Cultura, destacou a importância da vinda destes quadros para Olhão. “Descreveram-me as obras e eu disse: ‘Sei para onde elas vão’. Tudo isto se ligava! Em rede. E é este trabalho em rede que é necessário fazer e que o Novo Banco tem feito junto do Ministério da Cultura”, destacou Adriana Nogueira. Para a diretora regional da Cultura, “Olhão é uma cidade que pode mostrar muito mais do que o habitual sol e praia que caracteriza o Algarve e a chegada destas duas obras ao museu municipal olhanense mostra precisamente isso”.
A cedência para exposição permanente destas duas obras do pintor inglês Thomas Buttersworth faz com que este seja um dos dois primeiros museus da região algarvia a acolherem obras do espólio do Novo Banco. São já 31 os museus a nível nacional contemplados com obras no âmbito deste projeto, num total de 70 pinturas cedidas.
As pinturas a óleo sobre tela de Thomas Buttersworth (1768-1842) “Hibernia. Entrada no Tejo” (46cm x 61cm) e “Veleiro no Tejo” (61 x 110cm) podem agora ser apreciadas numa das salas do Edifício do Compromisso Marítimo olhanense.
Conforme explica a autarquia olhanense em comunicado, “Thomas Buttersworth é uma figura peculiar no panorama da pintura de marinhas. Pintor autodidata e marinheiro, viveu no período conturbado das guerras napoleónicas, e muitas das pinturas que realizou referem acontecimentos que presenciou na costa atlântica, ou batalhas em que participou, constituindo um importante legado iconográfico”.
Nas suas obras, e isso é bem visível no Veleiro no Tejo, conjuga a realidade que presenciava, o seu conhecimento aprofundado dos barcos, e também informações retiradas de apontamentos de paisagens, desenhos e gravuras, o que explica que nem sempre as vistas das cidades tenham uma iconografia coerente com a época em que foram pintadas.
“Hibernia. Entrada no Tejo”, representa um dos maiores navios de guerra construídos durante o período das guerras napoleónicas, o famoso Hibernia, de 110 canhões, construído em Inglaterra durante 12 anos e lançado ao mar em 1804.
A sua presença no Tejo teve destaque em 1807, ao participar no bloqueio do Tejo e também por escoltar a esquadra portuguesa que levava a família real e a corte para o Brasil. Foi neste contexto que, pouco tempo depois, um grupo de olhanenses embarcou no Caíque Bom Sucesso e aventurou-se nos oceanos para avisar o rei de que o Algarve já não estava sob ocupação francesa.