A nova ponte de acesso à Praia de Faro não vai ser, afinal, construída sob a responsabilidade da Sociedade Polis, ao contrário do que está previsto no programa de requalificação e valorização ambiental.
O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, admitiu ao POSTAL, no âmbito da inauguração das requalificações ribeirinhas em Tavira, que, “no contexto do plano estratégico da Polis, há um grande conjunto de projectos que não cabem neste meio ano de vida que resta”.
Na verdade, faltam menos de quatro meses, uma vez que o mandato da sociedade termina a 31 de Dezembro e a substituição da actual ponte de ligação à praia de Faro é um dos projectos em causa, como confirma o presidente da Polis, Sebastião Teixeira, que afirma que o projecto da ponte para a Praia de Faro pode vir a ser feito “mas não com a Sociedade Polis” e que, “até ao prazo de fecho, não está previsto executar nem lançar o concurso para a ponte”.
Sebastião Teixeira adianta ainda que a ponte tem um projecto aprovado para avançar, ficando a faltar financiamento, algo que “na Polis não há”.
Câmara de Faro pagou cerca de dois milhões de euros
“Da parte do município de Faro, o capital social foi todo integralmente pago à Polis”, ressalva Rogério Bacalhau, presidente da autarquia farense, que afirma ter entregue à sociedade cerca de dois milhões de euros para a realização do projecto.
“Em falta está a verba correspondente à comparticipação da Polis no projecto, que espero que o Governo consiga encontrar, dentro da Polis, no seu capital social, ou através de uma candidatura a fundos no quadro do CRESC para que possa ser realizado”, acrescenta o autarca.
Rogério Bacalhau não acredita que a Polis deixe o plano de requalificações na praia de Faro por metade, depois de o passadiço pedonal de acesso à praia e de a construção do parque de estacionamento exterior estarem concluídos. “Espero que, no período mais curto possível, o Governo, em parceria connosco e com a Polis, encontre uma solução. Foi para isso que a Sociedade Polis foi constituída e não faz sentido rigorosamente nenhum que ela seja extinta e deixe um conjunto de projectos sem serem concretizados”, diz o presidente.
O autarca farense diz que “o Governo deve assumir os compromissos que vinham de trás” e não tem dúvidas caso a Polis deixe mesmo o projecto da ponte cair por terra: “se [o projecto] não for lançado, é uma opção política com a qual eu não posso concordar”, para além de trazer “graves consequências para o concelho”, aponta Rogério Bacalhau.
Quem não está convencido com o arranque da obra até ao final do ano é Jorge Botelho, presidente da AMAL (Comunidade Intermunicipal do Algarve), que adianta que “uma obra destas requer meses de concurso” e que, por isso, a sua concretização em 2016 é “difícil” porque a obra ainda não foi lançada.
Contudo, Jorge Botelho não entra em precipitações e acredita que o mandato da Polis pode ainda ser renovado para além de 31 de Dezembro, à margem da especulação e à semelhança dos anos anteriores. “Por enquanto o ministro do Ambiente não disse aos accionistas, disse-o publicamente, mas o que conta é nas assembleias gerais”, diz o presidente da AMAL, referindo-se ao anúncio do fim da Sociedade Polis.
O Plano de Pormenor da Praia de Faro
Quanto ao Plano de Pormenor da Praia de Faro, também previsto no quadro dos projectos a desenvolver pela Polis, Rogério Bacalhau garante que o projecto está “numa fase adiantada” mas que “há algumas decisões a tomar” e, por isso mesmo, não está terminado.
O autarca relembra, no entanto, que sob a alçada da Polis está apenas a realização do projecto e não a sua execução, ao invés do que acontece com a ponte para a praia. O edil acredita que “a maioria” das habitações visadas irá permanecer naquela zona “sem ter que se fazer grandes intervenções”.
Recorde-se que o Programa Polis Litoral da Ria Formosa foi aprovado em 2005, como instrumento financeiro para a execução do Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Vilamoura – Vila Real de Santo António.
(com Ricardo Claro)