A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, admitiu este domingo a possibilidade de abrir um debate sobre o direito à greve nas forças de segurança, um tema há muito reivindicado pelos sindicatos das polícias. Em declarações aos jornalistas, no encerramento do primeiro congresso da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), que decorreu este fim de semana na Faculdade de Direito de Lisboa, a ministra sublinhou que o assunto será incluído nas negociações agendadas para janeiro do próximo ano.
“Vamos começar no dia 06 de janeiro um conjunto de revisões e é um ponto que pode estar e estará, com certeza, em cima da mesa”, afirmou Margarida Blasco. “Neste momento, não vou dizer se sim ou se não, porque vai ter de ser submetido a um estudo”, acrescentou, destacando a necessidade de uma análise detalhada sobre o impacto de um eventual direito à greve para os profissionais das forças de segurança.
A questão do direito à greve nas polícias tem sido um dos temas centrais das reivindicações da ASPP/PSP e de outras estruturas sindicais, que defendem uma maior liberdade para os agentes policiais exercerem os seus direitos laborais. Atualmente, o direito à greve é limitado para as forças de segurança, considerando-se que a interrupção dos serviços de ordem pública poderia comprometer a segurança e a proteção dos cidadãos.
O congresso da ASPP/PSP, que reuniu profissionais da Polícia de Segurança Pública (PSP) de várias partes do país, serviu como plataforma para discutir as condições laborais, as reformas estruturais e a valorização da carreira policial. O presidente da ASPP/PSP, Paulo Santos, defendeu que é “fundamental que se avance com um estudo rigoroso” que permita aos agentes usufruir dos mesmos direitos laborais de outros profissionais do Estado, respeitando, ao mesmo tempo, a missão especial que desempenham na sociedade.
Margarida Blasco realçou ainda que a revisão de condições laborais para a PSP faz parte de um conjunto de alterações mais abrangentes que o Ministério da Administração Interna pretende implementar para reforçar os direitos e a motivação dos profissionais da área da segurança. A ministra considera essencial garantir que os agentes policiais possam desenvolver as suas funções com “dignidade, segurança e com os direitos necessários para uma carreira valorizada”.
A discussão em torno do direito à greve para as forças policiais é uma questão sensível e complexa, que implica ponderar o equilíbrio entre os direitos laborais e as responsabilidades de serviço público. A realização de estudos sobre o tema é vista como um passo essencial para que o Governo possa tomar decisões informadas, respeitando os direitos dos agentes sem comprometer a segurança pública.
Com o início das negociações marcado para janeiro, espera-se que a possibilidade de conceder o direito à greve aos profissionais das forças de segurança seja amplamente debatida, integrando as várias perspetivas e preocupações dos intervenientes, e podendo vir a representar uma transformação significativa nas condições laborais dos polícias em Portugal.
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