- Fotos e vídeos de Alexandra Freire, jovem algarvia residente em Timor-Leste
O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, afirmou que o massacre de Santa Cruz, no dia 12 de novembro de 1991, ocorrido há 32 anos, evoca “memórias dolorosas”, mas também destaca a “resiliência e força” da juventude timorense.
Timor-Leste assinalou ontem o 32.º aniversário do massacre de Santa Cruz e o Dia Nacional de Juventude.
“Hoje, olhamos para trás, para as lutas travadas por aqueles que vieram antes de nós. O massacre do cemitério de Santa Cruz é uma cicatriz na nossa história, uma lembrança de como a busca pela liberdade e justiça pode ser difícil e muitas vezes dolorosa”, afirma José Ramos-Horta.
Mas segundo o Presidente timorense, é também um “testemunho do espírito indomável da juventude timorense”, quando os jovens estiveram na “linha da frente” a dar o “corpo às balas” e a defender “corajosamente os ideais da liberdade e autodeterminação”.
“Hoje, celebramos com vocês, uma nova geração da juventude de Timor-Leste. Vocês são a força motriz do nosso país, os herdeiros da independência que tanto lutámos para alcançar. A juventude é a chama que mantém viva a visão de uma nação justa, próspera e unida”, salientou.
Na mensagem, José Ramos-Horta afirma que os jovens timorenses têm um “papel crucial a desempenhar” e considera fundamental a sua entrada na “liderança do desenvolvimento do país”.
“Hoje, exorto cada jovem timorense a envolver-se ativamente na construção do futuro de Timor-Leste. Sejam os agentes da mudança, os visionários que transformam desafios em oportunidades. O Dia Nacional da Juventude não é apenas sobre celebrar, mas também sobre assumir a responsabilidade pelo legado que herdamos”, refere.
Massacre de Santa Cruz não foi único
A 12 de novembro de 1991, mais de duas mil pessoas reuniram-se numa marcha até ao cemitério de Santa Cruz, em Díli, para prestarem homenagem ao jovem Sebastião Gomes.
Sebastião Gomes era um jovem timorense que foi morto a tiro a 28 de outubro de 1991, pelos elementos ligados às forças indonésias, dentro da Igreja de Motael. No dia 12 de novembro, após a missa de Sebastião Gomes na mesma igreja onde faleceu, os timorenses realizaram uma procissão desde a igreja até ao Cemitério de Santa Cruz. No cemitério, militares indonésios abriram fogo sobre a multidão, evento documentado pelo jornalista e documentalista britânico Max Stahl. Graças a estas gravações, o mundo não podia mais ignorar o que acontecia em Timor-Leste desde 1975. Abriram-se as portas de ajuda diplomática que acabaram por oferecer a oportunidade de os timorenses realizarem um referendo no qual optaram pela independência do país face à Indonésia.
Importa referir que o Massacre de Santa Cruz foi um momento de viragem na história de Timor-Leste, não esquecendo que este massacre não foi único. Timor perdeu um terço da população durante os anos da ocupação indonésia.
Segundo números do comité 12 de novembro, 2.261 pessoas participaram na manifestação, 74 foram identificadas como tendo morrido no local e 127 morreram nos dias seguintes no hospital militar ou em resultado da perseguição das forças ocupantes.
O massacre foi assinalado este domingo em Díli com uma marcha entre a igreja de Motael e o cemitério de Santa Cruz. Durante a noite de ontem a cidade de Díli iluminou-se com velas de modo a prestar homenagem às vítimas do massacre de Santa Cruz.
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