Este ano, as celebrações do 10 de Junho começaram em Braga e vão terminar em Londres, num regresso das celebrações às comunidades portuguesas que estão fora do país.
Esta sexta-feira, o Presidente da República fez um discurso dedicado ao povo português: “É razão de ser o que somos e como somos , viva o povo português, vivam os portugueses de ontem, de hoje e de sempre onde quer que façam Portugal. Viva o nosso querido Portugal”, declarou o chefe de Estado, na cerimónia militar comemorativa do 10 de Junho, na Avenida da Liberdade, em Braga.
Desta vez sem o primeiro-ministro, ausente por razões de saúde, Marcelo fez um discurso de 13 minutos patriótico e histórico, onde foram apontadas as vitórias de um país que caminha para os 879 anos.
“Se é verdade que os seus soberanos, os seus líderes, os seus chefes encheram também páginas da nossa História, não é menos que sem o povo, sem a arraia-miúda de que falava Fernão Lopes, não teria havido o Portugal que temos”, defendeu.
Assinalando a Cimeira dos Oceanos que terá lugar em Lisboa no fim deste mês, defendeu que “só é possível em Portugal porque o mesmo povo português escolheu o oceano como seu destino”.
“São os milhões e milhões de portugueses de carne e osso que fizeram Portugal, que fazem Portugal, que farão Portugal. Foi o povo que deu o que tinha e o que era sempre Portugal. Foi o povo português que cruzou oceanos e fez dos oceanos a nossa nova terra de futuro”, declarou.
Nesta intervenção, o chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas referiu-se às forças militares como “o povo armado para servir Portugal” e destacou as suas missões no estrangeiro: “É o povo com armas que faz e quer fazer a paz, em Moçambique, na República Centro-Africana, no Mali, no Golfo da Guiné, no Mediterrâneo, na Lituânia, na Roménia”.
Fez também referências aos municípios, “que nasceram diversos nos usos e nos forais antes de serem submetidos ao poder político central”, e às regiões autónomas da Madeira e dos Açores, descrevendo Portugal como “um arquipélago feito de um retângulo de terras e dois outros arquipélagos compostos de ilhas variadas”, com um mar “muito maior” do que a terra.
Marcelo Rebelo de Sousa situou “o fim do fim do império” português em 2002, com o reconhecimento de Timor-Leste como Estado independente “depois de mais de um quarto de século de combate heroico” contra a ocupação indonésia.
Segundo o Presidente da República, “a unir tudo isto” esteve “sempre o povo”, que com a Constituição de 1822 viu reconhecido “um novo papel na vida nacional” e que “ajudou a criar Brasis ou a restaurar Timores-Leste”.
Depois, falou sobre o acolhimento de imigrantes: “É o povo português que aprende e reaprende a receber irmãos vindos das Áfricas, das Américas, das Ásias, do Pacífico. Africanos irmãos na língua, depois brasileiros, depois europeus de Leste, depois asiáticos e africanos não falando português, há pouco afegãos, agora de novo ucranianos ou vindos da Ucrânia”.
“É o povo português que tudo isso e muito mais faz, resistindo a pandemias globais, a crises mundiais e nacionais, construindo impérios com menos de um milhão de pessoas e, depois de acabados esses impérios, deixando pedaços de si, tantas vezes os mais corajosos, os mais sonhadores, os mais resistentes, em todos os cantos da terra”, enalteceu.
“A nossa pátria é História, é memória, é língua, é alma, é sucesso e fracasso, heróis, líderes, em monarquia como em República. Mas é muito mais do que isso. É povo, é povo com séculos de raízes”, resumiu.
O chefe de Estado manifestou a vontade de abraçar esse povo em todas os lugares onde vai e sustentou que “quanto mais longe estão mais portugueses ficam”.
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