Uma “grande maioria” de trabalhadores da carreira Informática do Ministério da Saúde pertencentes à Administração Regional de Saúde e ao Centro Hospitalar do Algarve aderiram hoje à greve contra a centralização dos serviços numa empresa única, disse fonte sindical.
Os trabalhadores contestam a intenção da tutela de centralizar a prestação de serviços informáticos na empresa Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), ficando as entidades regionais, como a Administração Regional de Saúde (ARS) e o Centro Hospitalar do Algarve (CHA), sem a gestão desse pessoal.
Rosa Franco, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas, disse à Lusa não poder aceitar a medida.
“A nível do CHA e da ARS, a grande maioria dos colegas está em greve”, afirmou Rosa Franco, sem conseguir quantificar a percentagem de adesão à greve, que começou às 00 horas e se prolonga até às 24.
A dirigente sindical justificou o recurso à paralisação com o “processo que o Ministério da Saúde tem em curso para centralizar todos os serviços informáticos a nível da saúde, das ARS e pode também abranger os hospitais, na tal empresa SPMS”.
A organização representativa dos trabalhadores alertou para a possibilidade de a medida “trazer mais problemas” na prestação de cuidados aos utentes na região.
“Estes informáticos do Algarve são os primeiros a dar o passo de ir para a greve porque estão contra esta situação, que vai trazer grandes problemas a uma região que já tem muitas dificuldades na área da saúde. Centralizando os informáticos na SPMS, vai haver ainda mais problemas, porque a ARS deixa de ser autónoma a este nível e, tendo algum problema que precise da deslocação de informáticos, tem primeiro de contactar a SPMS, que depois vai gerir onde é mais importante intervir”, criticou.
Sindicato contesta o que classifica como mais uma centralização
A dirigente sindical exemplificou que “se Vila Real de Trás-os-Montes tiver um problema e em Tavira houver outro, a SPMS pode decidir que Vila Real de Trás-os-Montes é mais urgente que Tavira e a região fica prejudicada”.
O sindicato contesta o que classifica como “mais uma centralização” e adverte que, além dos serviços, a medida comporta “problemas para os trabalhadores ao nível de conteúdos funcionais e do seu próprio contrato de trabalho”.
Questionada sobre o impacto da greve nos próprios serviços da ARS – que estabeleceu serviços mínimos – e do CHA – que não contactou o sindicato para esse efeito -, Rosa Franco reconheceu que não afecta o funcionamento básico dos serviços e que os “colegas do centro hospitalar não aderiram em força”.
“Em princípio não afectará gravemente os serviços, porque os colegas também têm consciência da sua importância nos serviços e se houver, por exemplo, uma avaria com o sistema informático no bloco operatório, os informáticos têm que avançar e não vão colocar em risco um utente que está no bloco”, disse.