A família do turista irlandês que faleceu devido a uma alegada peritonite não tratada, menos de 48 horas após ter sido visto por um médico no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), em 2022, quebrou o silêncio e falou publicamente sobre o caso pela primeira vez.
Em entrevista ao Dublin Live, a mãe de Robbie Byrne, de 27 anos quando faleceu, confirmou que está a processar o hospital algarvio e busca uma indemnização no valor de 500 mil euros. Sonya, mãe de Robbie, expressou profunda tristeza durante a entrevista, afirmando que a morte do seu “anjo” poderia ter sido evitada com melhores cuidados médicos, enquanto o filho esteve “horas abandonado numa maca”, como nos conta o Notícias ao Minuto.
Segundo Sonya, o jovem irlandês desenvolveu uma peritonite após o apêndice romper, resultando em danos no esófago e um buraco no intestino. O jovem, que era asmático, foi hospitalizado após queixas de dor intensa, mas acabou por ser deixado sozinho numa maca, sem os seus óculos e incapaz de compreender totalmente a situação, devido à barreira linguística.
“Inicialmente, pensei que ele estava desidratado por causa do calor. Fiquei preocupada e queria que ele voltasse para casa, mas nenhum de nós sabia o quão doente o meu filho estava porque ele não tinha a informação que devia ter tido e que poderia ter salvo a sua vida, na minha opinião. Agora que sei tudo o que se passou, estou com muita raiva”, contou.
A mãe descreveu o estado angustiante em que o filho se encontrava ao ser levado para casa, antes de falecer durante o voo de regresso à Irlanda. “Ele estava aterrorizado”, afirmou Sonya, destacando a incapacidade de compreender como o filho foi autorizado a embarcar no avião, apesar de ter desmaiado na área de embarque e ter sido assistido.
“Eles nunca sentirão a dor que nós sentimos e que nunca acaba. Robbie era um anjo, o nosso bebé, um rapaz incrível e uma pessoa genuína e adorável. Queremos e precisamos de justiça para garantir que não acontece com mais ninguém”, destacou.
A família está a processar o CHUA por negligência médica, alegando que Robbie foi deixado sem cuidados adequados ou informações sobre a gravidade da sua condição. O advogado da família, Alexandre Martins, ressaltou a dor dos pais ao saberem das circunstâncias da morte do filho e afirmou que a indemnização é uma tentativa de buscar justiça e garantir que tragédias semelhantes não ocorram no futuro.
“Desde o tratamento no hospital até à sua morte, Robert passou por quase 48 horas de sofrimento, sem medicação sequer”, contou o advogado, acrescentando que “a dor que os pais sentem ao saber das circunstâncias em que o filho morreu têm de ser compensadas. Se ele estivesse no meio do deserto podia ser compreensível, mas não se consegue explicar que ele tenha sido abandonado dentro de um hospital de um país civilizado”.
O CHUA expressou pesar pela tragédia, mas afirmou não haver indícios que ponham em causa a qualidade dos serviços prestados. No entanto, a família do turista irlandês continua a procurar respostas e justiça para o que consideram ser uma falha grave no sistema de saúde.
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