O Caderno de Arquivo nº 10 dedicado ao tema “Leitura, sociabilidade e opinião pública: o caso da Sociedade do Gabinete de Leitura de Loulé, 1835-1848”, de Patrícia de Jesus Palma, vai ser apresentado a 25 de Junho, pelas 15 horas, no Arquivo Municipal de Loulé.
“Geralmente tendemos a considerar que as conjunturas revolucionárias são contrárias ao desenvolvimento cultural. As dificuldades de comunicações, os exílios, as prisões e a insegurança formam um pano de fundo aparentemente pouco favorecedor. O estudo empírico das fontes documentais demonstra, porém, uma realidade mais porosa e complexa, como se torna patente no caso da Sociedade do Gabinete de Leitura de Loulé, fundada a 29 de Dezembro de 1835, pouco depois da Convenção de Évora-Monte (26 de Maio de 1834) ter posto termo à guerra civil portuguesa”, pode ler-se no comunicado de imprensa enviado pela autarquia de Loulé à nossa redacção.
“O acervo documental desta Sociedade revela-nos um dos modos como tais contextos, movidos por elevado fervor ideológico, podem desencadear um efeito potenciador de actividades culturais. Ancoradas na reflexão e na discussão pública de ideias, tais práticas revelaram-se suficientemente sólidas para introduzir desvios nas relações entre o Estado e a sociedade civil”, acrescenta.
Ao longo deste estudo, evidenciar-se-á o modo como a Sociedade do Gabinete de Leitura de Loulé representou um autêntico laboratório da cidadania contemporânea com ramificações em outros concelhos algarvios, em Lisboa e em Mato Grosso, no Brasil. Lia-se para agir e agir era já ler. Neste sentido, propõe-se a integração desta Sociedade no amplo quadro de instituições e de agentes que, no Portugal oitocentista, contribuiu activa e diversamente para o longo e, por vezes, doloroso processo de valorização cultural, que estabeleceu o acesso ao livro e à leitura como um dos pilares fundamentais das sociedades livres e democráticas.
A apresentação do estudo tem entrada livre.