As questões de segurança rodoviária, especialmente relacionadas às motos e ao comportamento dos motociclistas, têm sido objeto de discussão em diversos países, incluindo Portugal. No entanto, outras nações também têm testado abordagens inovadoras para melhorar a segurança dos motociclistas, como é o caso da Áustria, Luxemburgo e Alemanha.
Em 2016, a Áustria implementou uma nova sinalização horizontal nas curvas. Foram pintadas linhas brancas perpendiculares ao traço que marca o eixo da via em seis curvas do Grossglockner, 14 curvas na Estíria e 19 curvas no Tirol.
Essas linhas, aplicadas apenas em curvas à esquerda, têm como objetivo alertar os motociclistas quando estão numa área da estrada onde o seu tronco e cabeça invadem o sentido contrário. Dessa forma, os motociclistas ficam mais atentos e evitam potenciais embates frontais com veículos que circulam em direção oposta, como autocarros ou veículos maiores.
O Luxemburgo também aderiu a essa abordagem e pintou linhas brancas em três curvas da estrada N25, popular pelas suas curvas. Além disso, as autoridades luxemburguesas dividiram a estrada em três zonas de cores diferentes: verde (mais próximo da berma), amarelo (próximo do eixo da via) e vermelho (sentido contrário). Com essa classificação, 40% dos motociclistas passaram a conduzir na zona amarela, 58% na zona verde e apenas 2% continuaram a conduzir na zona vermelha após a implementação das linhas brancas.
Os resultados nestes países foram promissores, demonstrando uma redução significativa de acidentes com motos nas áreas onde a nova sinalização foi aplicada. Na Áustria, não foram registados acidentes graves nas zonas com linhas brancas, e no Tirol, houve uma redução de 80% nos impactos de acidentes em comparação com 2019. No Luxemburgo, as mudanças na condução dos motociclistas também foram notáveis, com a maioria deles a optar por conduzir em áreas mais seguras e evitando a zona de perigo de embate frontal.
Essa abordagem bem-sucedida levou à Alemanha a testar também essa técnica de sinalização rodoviária, utilizando uma tinta plástica aplicada a frio com agentes antiderrapantes para melhorar ainda mais a eficácia das linhas brancas.
Além disso, estão a ser conduzidos estudos para avaliar o desenho e dimensões das linhas brancas, testando diferentes formatos, como círculos ou ovais, para determinar se essas formas geométricas influenciam o comportamento dos motociclistas ao conduzirem em curvas.
Estas experiências mostram que a inovação na sinalização rodoviária pode contribuir significativamente para a segurança dos motociclistas e podem ser aplicadas como medidas complementares para melhorar a segurança em relação às motos. No entanto, é fundamental continuar a aprofundar a pesquisa e a análise para garantir a eficácia e adequação dessas medidas em diferentes contextos e tipos de estradas.