Todos os pormenores importam nas fotografias a preto e branco captadas por Lília Reis, onde estão imortalizadas as memórias e os momentos especiais que a louletana quer preservar através de uma paixão que a acompanha desde a infância. Momentos através dos quais Lília Reis quer levar as pessoas a “olhar para as fotografias e tentar colocar-se no lugar de quem a tira e no lugar de quem é captado”.
Deste desejo nasceu o projecto Fifty-Fifty, que reuniu 77 testemunhos das mais variadas personalidades. “Inicialmente eram para ser 50 fotos e 50 textos, daí também o nome do projecto, Fifty-Fifty, mas os testemunhos eram todos tão cativantes que tive de alargar a ideia inicial. Quis recolher contributos individuais, de grupo, um testemunho pintado e ainda, para encerrar o projecto, achei que faltava a parte musical e por isso foi também criada uma música inspirada numa fotografia”.
Cada personalidade fez a sua própria interpretação das fotografias de Lília Reis
O verdadeiro impulso que a levou a dar vida a este projecto surgiu de uma situação delicada a nível de saúde que, felizmente, não passou de um susto. “Tudo é muito volátil e muito rápido e, muitas vezes, a parte espiritual e criativa é deixada de lado. Só paramos para pensar quando há situações que mexem connosco e o meu objectivo aqui foi colocar-me no lugar do outro. Todas as fotos que fazem parte deste projecto foram tiradas nesta fase mais cinzenta da minha vida”.
Lília Reis decidiu partilhar as suas imagens através deste projecto que inspira pela essência da imagem, pelo valor de cada momento e pela realidade de cada história. Partilhou 77 imagens e recebeu em troca os diversos contributos que tornaram o processo ainda mais especial porque “cada pessoa tem a sua própria interpretação e é também aí que está a riqueza deste projecto”, que pode ser acompanhado em: https://www.photoblog.com/portugueselily/.
Trocar fotos por boas acções é o objectivo para o futuro
Ao POSTAL, Lília Reis disse que a fotografia não compete com a sua profissão de enfermeira que continua a exercer com uma enorme paixão. A fotografia, essa não tem momentos específicos para acontecer e Lília Reis quer “que tudo continue a acontecer como tem sido até agora, de forma livre e espontânea”.
O projecto deve terminar no final de Maio e o futuro aproxima-se recheado de projectos e ideias, alguns deles prestes a tornarem-se realidade. O foco principal será trocar fotos por boas acções, “de forma a mudar mentalidades e fazer com que as pessoas não encarem as coisas de forma tão individual, nesta sociedade consumista em que vivemos actualmente”.
Joaquim Guerreiro, director delegado do Teatro Municipal de Faro
Joaquim Guerreiro,antigo director delegado do Teatro Municipal de Faro que faleceu em Setembro de 2017 vítima de doença prolongada, foi o primeiro convidado de Lília Reis e sobre esta fotografia disse:
“São ‘Caixas’ de memórias,
onde se guardam sentimentos,
sonhos e vida vivida.
São ‘Arquivos’ para quando não mais existir presente.
SINTO – TE…”
Inês Henriques, campeã do mundo dos 50 quilómetros de marcha
“Esta imagem faz-me recordar do meu inicio de carreira.
Essa menina estava longe de imaginar o longo percurso de altos e baixos que tinha pela frente, os degraus que teria de subir, os tempos longos que permanecia em cada degrau e os que teria de descer para os voltar a subir.
Os vasos das flores são os marcos mais importantes que foi alcançando ao longos dos 25 anos de carreira, a primeira internacionalização em 1996, o primeiro Campeonato de Mundo absoluto em 2001, os primeiros Jogos Olímpicos em 2004.
Mas esta menina, não queria apenas estar lá, ela tinha um sonho de ser uma das melhores do Mundo e continuou a trabalhar todos os dias para um dia alcançar esse sonho.
Um dia ela conseguiu alcançar esse grande sonho, subir todos os degraus e sagrou-se Campeã e Recordista do Mundo, na competição mais longa e dura do atletismo mundial, nos 50km de marcha e demonstrar que as mulheres também podem fazer 50km com grande qualidade”.
Margarida Guerreiro, designer e sugar artist
“Cruzam-se passos
Cruzam-se conversas
Cruzam-se cheiros
Cruzam-se sabores.
Passos apressados de almoço por fazer
Passos dançantes de quem está para conhecer;
Conversas de banca para banca
Conversas de línguas estranhas;
Cheiros da fruta da época
Cheiros da praia, bronzeadores e protectores;
Sabores amargos e doces
Sabores de velhos e novos amores.
Cruzam-se passos
Cruzam-se conversas
Cruzam-se cheiros
Cruzam-se sabores.
Descobrem-se diferenças
Descobrem-se iguais.
Unem-se sensações de prazeres tão banais!”
(Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire)