O galego, de 39 anos, parte para os 181,6 quilómetros entre Belmonte e a Guarda com 1.09 minutos de vantagem sobre o seu colega Gustavo Veloso e 1.26 sobre os portistas Joni Brandão e Amaro Antunes, respetivamente terceiro e quarto da geral.
A acidentada quarta tirada vai para a estrada às 12:05, com os 115 corredores em prova a encontrarem logo uma contagem de quarta categoria, na Sortelha, ao quilómetro 19,3, antes de passarem três metas volantes: no Sabugal (31,8), em Pinhel (92,9) e em Celorico na Beira (132,5).
Antes da sempre difícil chegada à Guarda, prevista para as 17:14, o pelotão tem ainda de subir a Videmonte, uma segunda categoria localizada aos 152 quilómetros.
O vencedor da quarta etapa terá de sobreviver à terceira categoria coincidente com a meta, instalada no Largo General Humberto Delgado.
A “alegria imensa” de Marque mesmo com um festejo “descafeinado”
O dia de Alejandro Marque começou com intranquilidade e terminou com uma “alegria imensa”, depois de o ciclista espanhol ter vencido na Torre e vestido a amarela, um duplo triunfo que dedicou à mãe e à avó.
“Hoje [sábado], quando levantei os braços, passaram-me muitas coisas pela cabeça, fiquei muito contente. Ainda não tive tempo de acreditar nesta vitória. Suponho que agora, quando chegar ao hotel, pensarei no que fiz e no que alcancei, e saborearei mais esta vitória”, contou aos jornalistas, depois de subir ao pódio no final da terceira etapa da 82.ª Volta a Portugal.
A viver um dos seus sonhos, o de vencer no Alto da Torre, ‘Alex’, de 39 anos, salientou que “as vitórias são muito difíceis”.
“E a minha última vitória tinha sido em 2018, na Volta à China, e desde aí não voltei a vencer. Às vezes, sabes o trabalho que há por trás durante todo este tempo, por isso voltar a sentir essa adrenalina que te dá uma vitória e toda a recompensa do esforço do dia a dia, é uma alegria imensa”, descreveu o corredor do Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel.
Dono do sorriso mais conhecido e expressivo do pelotão, o galego, que cumpriu os 170,3 quilómetros entre a Sertã e a Torre em 04:59.10 horas, reconheceu que “é um bocado descafeinado” festejar de máscara.
“Mas se olharmos para trás, para o ano passado, em que estávamos aqui sem público, ver milhares de pessoas na estrada já é uma vitória. Nós também nos sentimos muito mais apoiados e mais recompensados”, contrapôs.
Enquanto se aproximava da meta, Marque tocou o capacete, como que incrédulo, antes de celebrar, de dedos apontados para o céu, o triunfo na etapa e o reencontro com a camisola amarela, que vestiu no pódio final da edição de 2013 da Volta a Portugal.
“Pensei na minha mãe, que morreu depois de eu ganhar a Volta a Portugal. Foi um ano muito duro. Anos depois, faleceu a minha avó, que era como uma mãe para mim. Foram os dois golpes mais duros que tive no âmbito familiar e nos últimos dois quilómetros fui-me lembrando sempre delas. E da minha mulher, que está sempre a apoiar-me”, contou.
‘Alex’ não quer pensar numa eventual reedição de 2013, preferindo ir “dia a dia”, porque “a Volta é muito comprida, os rivais também estão muito fortes, e nenhum ciclista, nenhuma equipa” vão facilitar a vida ao Tavira.
“Por agora, tenho a amarela, vou desfrutar amanhã [domingo] dela”, completou.
E o dia até nem tinha começado bem para Marque, que, tal como todos os elementos da sua equipa, assim como da W52-FC Porto e da Movistar, foi submetido a um teste rápido de deteção do novo coronavírus, depois de a Caja Rural, com quem as três formações partilharam unidade hoteleira, ter desistido da prova devido a dois casos de covid-19.
“O problema está aí, temos de viver com ele. É claro que até termos todos os resultados, sentimo-nos intranquilos, porque todo o nosso esforço pode ir água abaixo. Tivemos a sorte de nenhum de nós ter estado em contacto com essas pessoas [positivos da Caja Rural]. Foi um alívio sabermos que estávamos todos bem”, assumiu.
O novo camisola amarela confessou ainda que “foram uns 15 minutos longos” enquanto esperava pelo resultado.
“Estava a ficar impaciente, dizia ao Vidal [Fitas, diretor desportivo] para ir confirmar se os resultados já estavam”, admitiu.
Diretor da Efapel responsabiliza Mauricio Moreira por “ato irrefletido”
O diretor desportivo da Efapel responsabilizou hoje Mauricio Moreira pela penalização de 40 segundos por abastecimento irregular na terceira etapa da Volta a Portugal, defendendo que a equipa “jamais” pode ser penalizada “por um ato irrefletido” do ciclista.
“O Mauricio apanha duas vezes água do público dentro dos últimos 10 quilómetros. Não tem a ver com nenhum elemento ou ‘staff’ da equipa”, disse à agência Lusa Ruben Pereira.
O ciclista uruguaio foi penalizado no sábado em 40 segundos pelo colégio de comissários da 82.ª Volta a Portugal, por ter cometido duas infrações referentes a abastecimento irregular na terceira etapa.
Moreira, que foi segundo na etapa a 01.03 minutos do vencedor no alto da Torre, o espanhol Alejandro Marque (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), era segundo na geral a 51 segundos do galego, mas caiu para sétimo depois de o colégio de comissários o penalizar em 20 segundos por cada uma das infrações que cometeu.
Considerando que “a penalização foi muito pesada”, Ruben Pereira defendeu que o erro do uruguaio não resulta de uma falta de comunicação dentro da equipa, “porque os atletas estão mais do que avisados”.
“Aqui trata-se de uma questão em que o atleta queria água, e recorreu ao público, inconscientemente, sem ter a noção disso. Mas jamais podemos penalizar a equipa por uma coisa de que não tem culpa. Foi um ato irrefletido individual do atleta. Nós somos uma equipa, como é óbvio não vou crucificar o Mauricio pela penalização, porque o rapaz fez aquilo inconscientemente”, afirmou.
O diretor desportivo da Efapel não vê a descida de Moreira na classificação geral como “um duro revés”, porque o corredor “não está aqui para discutir a Volta a Portugal”.
“Não é o nosso líder, não é a nossa aposta. Por isso, não é o facto de o Mauricio apanhar 40 segundos que vai interferir na tática da Efapel”, garantiu.
Ainda assim, o ciclista de 26 anos é o mais bem classificado da formação ‘amarela’ na 82.ª Volta a Portugal, uma vez que os seus companheiros António Carvalho e Frederico Figueiredo são, respetivamente, nono e 10.º na geral.
Já no ano passado, Carvalho e Joni Brandão, agora ciclista da W52-FC Porto, tinham sido penalizados em 20 segundos por abastecimento irregular na etapa da Torre.
O pelotão cumpre hoje a quarta etapa da prova rainha do calendário nacional, uma ligação de 181,6 quilómetros entre Belmonte e a Guarda.