Um policial, de peso, mas que promete ainda assim ser uma leitura leve e ágil, pois os capítulos são curtos e a intriga é veloz, em capítulos que se sucedem inclusivamente numa contagem decrescente, a começar 33 dias antes da estreia do 21.º festival de teatro da (outrora) pacata cidade de Orphea. Uma narrativa que se aproxima muito de um argumento cinematográfico, pela concisão linguística, pela simultaneidade de alguns episódios descritos e pelo ritmo frenético em que a escrita nos leva.
Jesse Rosenberg é um ainda jovem capitão, com apenas 45 anos mas a poucos dias de se reformar da polícia do estado de Nova Iorque com uma taxa de 100% de sucesso nos casos que investigou, quando é confrontado pela jornalista Stephanie Mailer de que um dos seus primeiros casos foi mal resolvido, no Verão de 1994, portanto há cerca de 20 anos, noite em que ocorreu o quádruplo homicídio em Orphea do Presidente da Câmara e da sua família, justamente na noite em que o festival de teatro inaugura. Stephanie fez a sua própria investigação e está prestes a ter uma prova derradeira de que a verdade que escapou a Jesse era até bastante gritante e óbvia. Jesse não a leva a sério até descobrir que nesse mesmo dia a jornalista desapareceu. É então que Jesse se alia ao mesmo colega da altura, Derek, e Anna Kanner, chefe-adjunta da polícia, recém-chegada a Orphea.
Torna-se claro desde o início que descobrir um culpado entre a comunidade de Orphea não é tarefa fácil, pois neste pequeno paraíso todos têm algo a esconder e ninguém está completamente inocente, e o autor joga aqui com dezenas de personagens, todas elas suspeitos até prova em contrário…
Joël Dicker, publicado pela Alfaguara, tornou-se um fenómeno literário global de sucesso de vendas com A verdade sobre o caso Harry Quebert (2013), publicado em 33 países, tendo vendido mais de 4 milhões de exemplares, e vencedor do prémio de melhor romance da Academia Francesa de Letras, o Prémio Goncourt des Lycéens e o prémio da Revista Lire para melhor romance em língua francesa. Este é o seu quarto romance e tem criado grande burburinho (em Barcelona lembro-me que invadiu todos os escaparates).