Num cenário pós-apocalíptico, milénios depois de a Terra ter sido devastada por terramotos, erupções vulcânicas e pela descida para sul dos glaciares, a espécie humana deixou de viver sobre o solo terrestre. As cidades, mesmo as metrópoles como Londres, sobrevoam agora o planeta, numa perseguição incessante, alimentando-se umas das outras, propulsionadas por engenhos de tracção, devorando e desmantelando as suas presas sob a mastigação de enormes mandíbulas hidráulicas.
Posto assim, pode parecer um pouco inverosímil mas a partir do momento em que somos apresentados a Tom Natsworthy, um jovem Aprendiz de Terceira Classe, um servente, dada a sua condição desesperançada de órfão, não há muito tempo para colocar em causa as premissas deste mundo paralelo, entre a ficção científica e a fantasia.
Tom tão depressa está fascinado com Thaddeus Valentine, o seu herói, Presidente dos Historiadores e arqueólogo, isto é, um vasculhador dos dejectos das cidades devoradas em busca de antiguidades (como um disco compacto ou esparguete enlatado), como logo depois Tom é traído e quase morre, até se ver perseguido juntamente com Hester Shaw, uma jovem da sua idade, com uma horrível cicatriz da testa ao maxilar, e terrível mau feitio.
A Editorial Presença, como sempre, antecipou o impacto que esta obra viria a ter, ao publicá-la em 2004 na colecção Via Láctea, ao lado de outras obras ímpares da fantasia juvenil, como Os Reinos do Norte. Este é o primeiro volume de uma trilogia que arrebatou o público juvenil, embora a escrita seja igualmente adequada para adultos, agora reeditada pela Presença, e adaptada ao cinema com produção de Peter Jackson, realizador de O Senhor dos Anéis. O filme Engenhos Mortíferos estreia dia 6 de Dezembro.