Depois de Os Interessantes, que virou um filme da Amazon, a Teorema publicou A Mulher, que estreia esta semana nas salas de cinema portuguesas no que promete ser mais uma grande interpretação de Glenn Close. Foi ainda publicado recentemente pela Teorema outro livro da autora, A Persuasão Feminina.
«Ela nada sabia acerca desta subcultura de mulheres que ficavam, de mulheres que não eram capazes de apresentar uma explicação lógica para as suas lealdades, que se aguentavam porque isso era o mais confortável, a coisa de que realmente gostavam. Ela não compreendia o luxo do familiar, do conhecido (…). O marido. Uma figura rumo à qual nunca avançávamos, nunca nos entusiasmávamos, mas ao lado da qual simplesmente vivíamos, estação após estação, que começava a acumular-se como tijolos grossos, unidos por uma argamassa desleixada. O muro do casamento erguia-se entre nós, uma cama conjugal, na qual nos deitávamos com gratidão.» (pág. 106).
É particularmente interessante a análise que a autora faz da impossibilidade de uma mulher escritora vingar por si mesma no mundo literário, sem ser abafada num mundo dominado por homens – isto durante a segunda metade do século XX – e é igualmente intrigante o retrato que a autora faz dos escritores como figuras tantas vezes mesquinhas, muitas vezes apáticas para com as famílias, como em dois retratos de colegas escritores de Joe em que quase sentimos reconhecer alguns escritores como Roth ou Le Carré.