O Núcleo Museológico Rota da Escravatura, instalado no Edifício da Vedoria/Alfândega (monumento de interesse público também conhecido por “Mercado de Escravos”), situado na Praça do Infante, inaugurou na passada segunda-feira. A cerimónia contou com a presença do ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes.
A constituição de um Núcleo Rota da Escravatura do Museu de Lagos parte da memória (Crónica da Guiné, de Zurara, edifício ‘Mercado de Escravos’…) e do conhecimento produzido sobre o comércio dos escravos em Lagos e a sua presença na cidade entre a primeira metade do século XV e os meados do século XIX, nomeadamente a partir da descoberta arqueológica do Vale da Gafaria em 2009, que viria confirmar as fontes escritas e a memória oral.
Conforme explica a autarquia lacobrigense em nota de imprensa, “neste Núcleo do Museu de Lagos procura-se transmitir ideias e conceitos que facilitam a partilha da memória e do conhecimento científico com a comunidade, criam comunicação, intensificam a relação com os diferentes públicos do museu e marcam a vida social, proporcionando e incentivando a participação dos cidadãos nas actividades do museu e no desenvolvimento local”.
A cerimónia de inauguração contou com a presença do ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, de um represente do chefe de Estado-Maior do Exército, do presidente e deputados da Assembleia Municipal, vários autarcas, a directora regional de Cultura do Algarve, o director do Museu Nacional de Arqueologia, de um representante do Centro de Estudos de África, Ásia e América Latina do ISEG, todos os responsáveis envolvidos no projecto e diversas outras entidades e convidados.
Mercado de Escravos desempenhou ao longo dos séculos várias funções
Maria Joaquina Matos, presidente da Câmara de Lagos, começou por referir que em 2010, e posteriormente em 2012, “a Câmara assinou um protocolo de colaboração com o Centro de Estudos Sobre África e Desenvolvimento do ISEG com o objectivo de desenvolver, com a colaboração do Comité Português da UNESCO do projecto Rota do Escravo, um Museu ou Centro Interpretativo do Tráfico de Escravos e um Memorial de Homenagem a criar no local onde se deu essa descoberta”. Recorde-se que também em 2010 e, posteriormente, em 2012, o Exército Português cedeu à Câmara os dois espaços deste edifício militar onde a exposição se haveria de desenvolver.
Assim nasceu o Núcleo Museológico Rota da Escravatura no edifício conhecido como Mercado de Escravos, que desempenhou ao longo dos séculos várias funções, tendo sido, nomeadamente, o local da vedoria e da alfândega.
Para o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, que acompanhou o projecto desde o início ainda na condição de embaixador, foi com muita satisfação que esteve presente “num momento tão importante para as nossas memórias históricas, que ainda que não sejam todas muito felizes, são reais”, acrescentando que “todas as conquistas de civilizações têm o lado negro e o seu lado bom. Este encontro de raças teve exactamente esse resultado”. Para o ministro não há dúvidas de que “o tráfico de escravos foi condenável, mas faz parte da nossa história, e o facto deste núcleo retratar essa parte menos feliz da história do país é também muito importante”. A terminar, Luís Castro Mendes, realçou ainda da importância da abertura deste equipamento “no sentido em que muitos visitantes, nacionais e estrangeiros, não vêm só à procura do sol e praia, mas também do nosso património e da nossa história”.
O Mercado de Escravos representou um investimento global de 426 mil e 287 euros, dos quais 237 mil e 148 foram financiados pelo PO Algarve 21 a 65% e o resto com fundos próprios do Município.
A entrada no Núcleo Museológico Rota da Escravatura será gratuita até ao próximo dia 12 de Junho.