Lagoa foi na passada terça-feira distinguida como Cidade do Vinho 2016, título que disputava com a cidade vizinha de Silves e com Ourém, Ponte de Lima e Santa Marta de Penaguião, disse à Lusa o presidente do município.
Segundo Francisco Martins, a distinção, anunciada no Cartaxo pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), é o reconhecimento do trabalho realizado por uma equipa multidisciplinar da autarquia ao longo deste ano no concelho, que elegeu 2015 como o ano dedicado à vinha e ao vinho.
“É um produto que se confunde com a história de Lagoa, que até chegou a contribuir para a produção do famoso vinho do Porto na altura da grande crise das vinhas no Douro”, sublinhou, acrescentando que existem actualmente quatro produtores de vinho no concelho, mas que há mais três que deverão iniciar actividade no sector em 2016.
A adega cooperativa de Lagoa, a primeira do Algarve e uma das mais antigas de Portugal, chegou a produzir por ano quase quatro milhões de litros de vinho – valor que hoje ronda os 200 mil litros – e era o vinho desta zona que abastecia os militares que lutavam nas ex-colónias portuguesas em África.
A partir da década de 70 a produção de vinho em Lagoa sofreu um decréscimo
Segundo o presidente da autarquia, no passado laboravam na cidade várias adegas, mas a partir da década de 1970, com a expansão do turismo no Algarve, a produção de vinho em Lagoa sofreu um decréscimo e o produto ficou “mal-afamado”, o que hoje em dia já não acontece, uma vez que os vinhos de Lagoa têm sido distinguidos com vários prémios.
“Temos um produto que ombreia em termos de qualidade com os melhores vinhos de outras regiões do país”, observou, lembrando que, apesar de Lagoa ser o segundo concelho mais pequeno do distrito de Faro, em termos de dimensão geográfica tem conseguido reunir “condições de atractividade para os produtores se instalarem”.
Os municípios candidatos ao título tiveram que elaborar um programa anual de acções culturais, de formação e sensibilização ligadas ao vinho, com visibilidade nacional.
Francisco Martins referiu que, para além dos eventos obrigatórios decorrentes da distinção – como a Gala do Vinho ou a eleição da Miss Vindimas -, o concelho irá ter vários eventos ligados ao sector e às áreas da cultura, educação e ambiente, entre outros.
O autarca sublinhou ainda que a distinção tem uma abrangência regional, servindo como plataforma de divulgação dos vinhos do Algarve e não apenas dos de Lagoa.
Após o abandono quase total das vinhas, que eram cultivadas sobretudo no litoral e que a partir de 1970 foram sendo substituídas por campos de golfe e empreendimentos, o número de produtores no Algarve cresceu nos últimos anos para cerca de 40.
A região demarcada do Algarve data de 1980, existindo quatro regiões que produzem vinho com Denominação de Origem: Lagoa, Lagos, Portimão e Tavira.
A iniciativa Cidade do Vinho visa “valorizar a riqueza, a diversidade e as características comuns da cultura do vinho e de todas as suas influências na sociedade, paisagem, economia, gastronomia e património dos territórios”, lê-se no sítio de internet da AMPV.
(Agência Lusa)