A plataforma de agendamento do voto antecipado através da Internet permite o registo em nome de pessoas que constam nos cadernos eleitorais, desde que se saiba o nome completo e a data de nascimento. Uma vez dentro da plataforma, é possível assumir o controlo do agendamento do voto antecipado da potencial vítima, uma vez que o intruso passa a ter a capacidade de inserir um endereço de e-mail e um número de telefone, que servem de meios de contacto para gerir todo o processo e receber notificações relacionadas com o agendamento do voto antecipado.
O Expresso apurou entre quarta e quinta-feira que este potencial acesso indevido a ficheiros individuais de eleitores é concretizável – ainda que possa configurar um potencial crime. Entre os ficheiros de inscrição que podem ser acedidos figura o do primeiro-ministro, António Costa, que já se inscreveu para votar no Porto este domingo, 23 de janeiro.
Nos casos em que haja acesso indevido a um ficheiro de quem já se tenha inscrito, não é possível marcar ou desmarcar voto antecipado, uma vez que os números de telefone e e-mail usados são os que a potencial vítima inseriu inicialmente. Mas a simples inserção de nome e data de nascimento permite aceder a vários dados pessoais de cada ficheiro de eleitor – seja na conta legítima ou na conta de um terceiro. Morada, local de voto, número de identificação surgem discriminados na íntegra. Endereços de internet e números de telefone parcialmente ofuscados.
Como o primeiro-ministro, mais de 200 mil pessoas já se inscreveram para o voto antecipado, seguindo os requisitos relacionados com isolamento pandémico e cumprimento de funções prioritárias para a comunidade.
A plataforma eletrónica de agendamento do voto antecipado na Internet é gerida pela Secretaria-geral do Ministério da Administração Interna, da qual aguardamos uma reação.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL